Que história queres viver?
Ninguém nos explica que quem escreve a história da nossa vida somos nós.
Ninguém nos prepara para as intempéries que os outros podem ser, para as expectativas, para a vontade de corresponder ao que o mundo espera de nós.
Vimos a este plano (e a esta vida) sem manual de instruções, sem guia, sem mapa. Tudo nos parece uma experimentação constante. Às vezes julgamos que a vida adulta abrandará as dificuldades e nos premiará com mais certezas e mais definição. Mas é precisamente quando crescemos (e temos de tomar conta de tudo o que somos) que tudo parece desfocar-se ainda mais. Já não sentimos que é devido agradar aos pais, mas também parecemos não saber agradar-nos a nós mesmos. Como se estivéssemos numa permanente descoberta que, em vez de nos arrumar e pacificar, nos desestabiliza e desfortalece.
Queremos aceitar que somos adultos e, tantas vezes, nos aparece a nossa criança interna a precisar de colo, de atenção, de validação externa. E é nesses momentos que parecemos menos capazes de o fazer. Mais permeáveis às imprevisibilidades, mais frágeis, mais pequenos.
No entanto, e enquanto a vida não (nos) prescreve, somos chamados a escrever o que queremos que a nossa vida seja. Sem pretensões. Sem querer agradar. Mas sabendo que a única pessoa que não devíamos desiludir é aquela criança que mora, ainda, dentro de nós. É por ela que vale a pena continuar a apagar linhas, a reescrevê-las e a tornar a fazer (e a ser!) se for necessário.
Pedem-nos muito, todos. Pede-nos muito, a vida.
Mas somos nós os únicos capazes de dizer o não (ou os nãos) que mais nos trouxer(em) de volta à rota.
E a única rota por que vale a pena viver é a do coração.
A da alma.
Porque o dinheiro, os interesses, o prestígio e o parecer bem têm sempre os dias contados. Mas a alma e o coração que nos são casa… esses… nunca prescrevem. Nem mesmo quando a vida (nos) terminar.