Quem tudo quer controlar, pouco vive!
A necessidade de controlar tudo o que acontece pode chegar-nos por causa de uma profunda necessidade de segurança.
Temos a ilusão de que se conseguirmos (e pudermos) controlar o mundo à nossa volta, podemos viver numa bolha idealizada e maravilhosa, mas pouco real (no fundo).
A verdade é que a necessidade de controlo, do expectável e do previsível acaba por nos oferecer um conforto que a vida nunca nos vai oferecer, uma vez que se caracteriza, precisamente, por ser o oposto.
A vida vai acontecer-nos apesar de tudo o que queiramos ou precisamos.
A vida mostra-nos os lugares para onde é necessário olhar, as feridas que, por estarem abertas, ainda precisam da nossa atenção e revela-nos que as pessoas que são o que são, independentemente da nossa pretensão de as mudar.
Julgo que não podemos condenar quem se sente confortável a tentar controlar o que acontece. Mas podemos dizer-lhe, ou dizer-lhes, que esse não é um caminho saudável. O caminho que nos poderá deixar verdadeiramente livres é o de deixar ir, deixar ser, deixar acontecer.
É, sem dúvida, uma aprendizagem até aos nossos últimos dias. Não vamos conseguir render-nos e entregar-nos ao que a vida é de um dia para o outro.
Mas podemos ter consciência, compreender que fazemos o que fazemos por um motivo válido e sério.
Controlamos para sobreviver. Para tentar encontrar uma alternativa num mundo disforme e absurdo que pouca solução parece ter para nos oferecer.
Talvez seja assim porque a única solução para resolver o que o mundo é,
É o que somos.