Regressa a ti!

Crónicas 10 setembro 2025  •  Tempo de Leitura: 2

Setembros é o mês dos recomeços. Dos reinícios. Da despedida do verão que nos parece sempre que passou demasiado depressa. Vamos sendo protagonistas e personagens deste modo de vida que nos obriga a estar sempre onde já não estamos. É como se a velocidade de tudo nos avassalasse. Ainda agora era verão, e estávamos na praia a tomar banhos de mar ou de piscina e, de repente, já o tempo parece estar mais fresco e já sabe bem vestir um casaco ou uma camisola.

Sinto cada vez mais que a vida passa por nós em vez de sermos nós a ter a ousadia de passar por ela. Como se nos tivéssemos deixado levar por um ritmo e por uma dimensão de tempo que nos torna cada vez mais efémeros e menos presentes.

Tudo o que se anuncia é com uma antecedência que nos faz viver no futuro e a ignorar o momento presente. Também esse incentivo nos faz sentir uma ansiedade maior, uma crescente necessidade de controlar o que nos foge das mãos a cada instante.

Talvez valha a pena trazer mais presença a este mês de setembro. Menos pressa e um bocadinho mais de luz sobre todas as coisas que nunca deixaram de ser importantes: a família, os amigos, as pessoas que conhecemos e que nos são queridas que estão a passar por um momento difícil, o cuidar do nosso tempo de descanso e de não produtividade. O querer desenvolver mais a nossa humanidade e menos aquilo que nos faz ser cada vez mais parecidos com um personagem de inteligência artificial. No nosso caso seria mais de “consciência artificial”.

Mesmo nesta dinâmica de regresso às aulas e ao trabalho, neste mergulhar de horários que nos fazem sentir menos e pensar mais, fica o convite para respirar fundo mais vezes. Para parar para perceber o que é que, realmente, estamos a precisar de ser ou de fazer neste momento.

O trabalho pode esperar, mas a vida não.

Os horários mudam-se, mas as pessoas não.

Neste regresso à rotina de todos os dias, saibas tu (e saibamos nós) regressar ao que somos. (Re)conhecer o que nos habita e encontrar tempo para amar o que precisa e os que precisam. É só o hoje que temos! E que tens!

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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