Estamos todos a caminho!
Não vamos sozinhos. Às vezes, por acaso, parece. Parece que vivemos numa atitude de profunda e independente autossuficiência, mas depois sentimo-nos sozinhos. Erguemos muralhas à nossa volta para nos proteger dos outros, mas precisamos deles e do que podem ter para nos ensinar.
Estamos todos a caminho e, às vezes, comportamo-nos como atletas que vão ganhar uma medalha de ouro numa maratona. Queremos chegar primeiro, ver a luz antes de todos, ganhar o Céu antes de saber se vamos lá chegar sequer. É confortável viver nesta ilusão de controlar, de calcular, de medir forças com os que, afinal, não nos querem assim tão mal.
Custa-nos muito admitir, mas precisamos todos uns dos outros. Mais profunda e humanamente do que podemos, sequer, imaginar. E enquanto damos de comer à nossa autossuficiência e nos esquecemos de alimentar a nossa empatia, a nossa presença e o nosso cuidado com quem passa, acabaremos por morrer à fome na mesma.
Mas, afinal, o que nos fez viver tanto para a nossa bolha e tão pouco para o que os outros são?
As desilusões. As perdas. As traições. Os mal-entendidos. As arrogâncias. As competições. A necessidade de termos sido vistos. De termos sido amados como precisávamos. De termos sido cuidados como merecíamos.
Colocar o outro (ou os outros) num lugar de quem nos pode satisfazer todas as necessidades e preencher todos os vazios, só nos diminui como pessoas. Quem tem poder sobre mim sou apenas eu. Contudo, posso ter e cultivar a humildade de querer precisar do outro. Como um complemento de alma e de coração. Como um outro espelho que preciso para me ver melhor. Como uma outra antena de rádio que pode (ou não!) sintonizar na mesma frequência que eu. Como uma parte que me pertence, se eu quiser guardá-la.
Falta-nos encontrar espaço para o outro na nossa vida. Não a partir de um lugar de quem quer competir ou ganhar, mas de um lugar de quem quer aprender. Crescer e evoluir.
Estamos todos a caminho.
Há caminho que chegue para todos.
Por isso, não atropeles nem te deixes atropelar.