Porque nos custa tanto mudar?

Crónicas 14 setembro 2022  •  Tempo de Leitura: 2

Nunca conheci quem dissesse: “mudei a minha vida e foi incrivelmente fácil!” ou “sinto-me profundamente calmo com esta mudança na minha vida!”.

 

A verdade é que as mudanças doem. Mexem com a nossa carne. Com o nosso coração. Contorcem-nos a alma a um ponto que desconhecemos. É complicado sair dos hábitos de sempre (mesmo quando são nocivos); é complexo terminar aquela relação (mesmo que a pessoa não nos fizesse bem). 

 

Conhecemos muitas pessoas presas a velhos padrões, a vidas que não lhes trazem alegria ou espanto. Talvez essas pessoas sejamos, também, nós.

 

Atenção: não há nada de errado com quem não quer mudar nada na sua vida. O problema é que, cá dentro, sabemos que as mudanças são necessárias e, consequentemente, sabemos também o que precisamos de mudar: em nós, na nossa vida, na forma como enfrentamos os desafios que nos surgem.

 

Mas, então, porque nos custam tanto as mudanças? Porque não pode ser um processo simples, se, muitas vezes, até é o melhor para nós?

 

O nosso cérebro habitua-se ao que conhece e cria “rotinas”. Tudo o que lhe foge dos padrões a que se habituou, acabará por tentar eliminar. Negar. Não querer. Sim. São dados científicos! Com esta dificuldade, que não controlamos, torna-se difícil continuar a querer mudar. A sorte é que não somos apenas cérebro. Somos inteligência emocional. Somos os nossos sentimentos. Somos as nossas pessoas. Os nossos sonhos. E estes também pesam. Quando nos munimos das forças certas, as mudanças podem tornar-se mais subtis, ainda que custem a engolir. A processar.

 

Arrisco-me a dizer que não aprenderíamos nada se ficássemos sempre no mesmo sítio. Se a paisagem fosse sempre a mesma. Se não conhecêssemos além dos que nos rodeiam mais proximamente.

 

São as mudanças que nos moldam às dificuldades que a vida pode trazer.

 

São as mudanças que nos deixam compreender melhor as dores dos outros e os sapatos que calçam e com que caminham.

 

Mudar é ter coragem para ser mais feliz, ainda que não se tenham quaisquer garantias.

 

É arriscar um voo picado que nos pode esmagar as asas.

 

Mas, de que outra forma valeria a pena?

tags: Marta arrais

Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail