Já aprendeste o que era preciso?

Crónicas 22 abril 2020  •  Tempo de Leitura: 2

Não sei se estamos assim tão dispostos a aprender com aquilo que nos acontece.

 

Olhos revirados em modo de birra profunda e enraizada. Estamos saturados de tudo. Não era bem assim que queríamos a nossa vida. Não era bem esta pessoa. Não era bem este amor. Não era bem este trabalho. Não era bem aquela decisão. Não era bem assim que devia ter sido.

 

Claro que agora temos o melhor argumento de todos. Forte, sonante, colossal, quase intocável: pandemia.

 

Lamento informar: antes da pandemia já éramos o que somos agora. Já éramos os eternos insatisfeitos que só querem o que não pode ser. Que só querem o que não podem ter.

 

Quando é que vamos aprender o que é preciso? Quando é que vamos pensar no que queremos para nós? Quando é que vamos construir o tipo de sociedade que queremos deixar para as próximas gerações?

 

Julgo que só podemos aprender quando estivermos dispostos a isso. Com ou sem pandemia. Com ou sem saídas à rua. Com ou sem idas aos restaurantes. Com ou sem conversas face to face.

 

Até lá, e até estarmos dispostos a aprender que não é a vida ou o universo que têm o poder de nos mudar, não me parece que consigamos chegar longe.

 

Até lá, e até estarmos dispostos a compreender que não é uma catástrofe que tem o poder de nos mudar, não me parece que consigamos chegar longe.

 

Ainda estás aí? Levanta-te. Sai desse lugar onde sempre estiveste e vê se aprendes qualquer coisa de uma vez.

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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