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a sua tag: "Marta Arrais"
O lugar do outro diz-me pouco. A história que os outros me contam sobre si próprios não faz estremecer as minhas paredes de dentro. Guardo-me de sentir compaixão para não me incomodar, para não perturbar a não verdade dos meus dias.
O que fazes com o que te atravessa a alma sem pedir autorização? Deixas que passe, como uma nuvem, ou esperneias até soprar o desconhecido para longe?
Enquanto a vida nos acontece, acontecemos também. Desfilamos entre os vários momentos e fintamos obstáculos, evitamos quedas, protegemo-nos das tempestades que podem surgir.
Quando puderes, sossega. Senta-te à beira do que precisas de fazer e não faças nada. Abre um livro e lê. Ou olha só para ele pela vontade simples de o ver. Respira fundo e sente o privilégio de deixar o ar entrar e sair.
Esta é talvez uma das perguntas mais difíceis que já nos fizemos. Normalmente, fazemo-la quando nos sentimos a atravessar um deserto tremendo, a viver um grande sofrimento, uma doença, uma partida de alguém amado, uma situação de desespero escuro.
Vivemos reféns da ideia de uma felicidade eterna, permanente e imutável. Acreditamos que é preferível escolher estar sempre bem, mesmo quando não estivermos. Fizeram-nos crer que devemos lutar por um bem-estar transformador que nunca nos abandona, nem mesmo na maior das aflições.
A resposta será, quase sempre, não.
Infelizmente, a resposta (ainda) é não. Não tratamos as pessoas como iguais. Tratamos as pessoas à luz dos nossos preconceitos, das nossas ideias atabalhoadas e cheias de lixo. Tratamos as pessoas com base no género, nas opções de vida, na maneira de vestir, na capacidade para comprar ou não comprar
Somos perfeitos na arte de julgar. De criticar. De apontar o dedo a quem faz mal. De apontar o dedo a quem faz diferente. De apontar o dedo a quem, simplesmente, não faz como nós.
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