É este Natal que queremos?
Estamos a caminho de mais um Natal.
É, sem dúvida, uma época diferente. No entanto, nem sempre parece diferente pelos melhores motivos. A cada ano que passa sinto que a essência daquilo que a Estrela-Maior nos trouxe, há tantos milhares de anos, se dissipa cada vez mais. Há esta obrigação, vivida em pano de fundo, de dar. De comprar. De estar presente em ambientes que nem sempre são saudáveis para nós. Desvirtuámos o Natal a ponto de haver, neste momento, uma enorme distância entre aquilo que devia (e podia ser) e aquilo que é.
O que Jesus nos trouxe, com o seu nascimento, foi um profundo retorno ao essencial. Um aprender a viver com pouco. Um movimento de tornar mais aquilo que era tanto menos. Aquele bébé veio trazer uma luz que nem sempre conseguimos acender nesta altura. Talvez o façamos de formas superficiais. Numa de cumprir objetivos sociais pouco profundos. Mas a verdade? A nossa vida não muda numa data. Muda numa coerência constante e permanente. Muda no alinhamento que escolhemos fazer ao longo de todo o ano.
Não podemos, igualmente, esquecer que esta é uma época que acorda saudades, memórias e eventos que nem sempre são simples de trazer à tona.
Julgo que podíamos desafiar-nos, este ano, a viver um Natal mais autêntico e mais fiel ao que sentimos internamente. Se no nosso coração existe uma tristeza por algum motivo, que não nos sintamos obrigados a estar alegres.
Se, por outro lado, o nosso interior rima com a alegria e com a leveza, que possamos abrir espaço para a partilhar com os outros.
Que este Natal seja tudo aquilo que mais precisarmos, sem querer que seja diferente.
Que possamos ser e estar onde (e com quem) nos faz sentido estar.
Que tudo aquilo que sejamos chamados a viver possa ser vivido na companhia da luz do Menino que nunca se cansa de nascer para nós.