De quantas crises somos feitos?

Crónicas 19 outubro 2022  •  Tempo de Leitura: 2

Ainda não nos refizemos da pandemia e já nos assombra mais uma crise. Já damos por nós a pôr a música mais alta quando começam as notícias na televisão… ou a mudar de estação de rádio quando as anunciam. Será possível que tenhamos, mais uma vez, chegado até aqui?

 

O meu currículo de crises ainda não é vasto. Talvez muitos dos que estejam a ler este texto se lembrem de muitas mais crises do que eu. Talvez não se assustem tanto ou saibam que, também esta, há de passar. Mas a verdade é que enquanto a ponte não cai, acaba por abanar… por deixar abrir uma ou outra fenda mais ambiciosa.

 

Estamos, novamente, mergulhados no olho de uma tempestade perfeita que se diz que arrasará o futuro a todos os níveis. Os preços de tudo a aumentar sem ninguém perceber muito bem como ou porquê. Será possível que seja tão caro poder viver? Será possível que seja tão dispendioso querer viver?

 

Taxas de juro. Inflação. Gasolina. Gasóleo. Luz. Água. Gás. Tudo falta ou tudo se revolve e fervilha novas caras para nos assustar.

 

O futuro é amanhã. Bem sabemos. Não nos deixam esquecer. Não nos deixam ter tempo para ser ingénuos ou para acreditar que ainda se pode dar a volta.

 

Mas o futuro é amanhã. Só temos o hoje. O momento. O antes de acontecer o que ainda não aconteceu (quem sabe se será mesmo verdade o que se diz).

 

Sabemos pouco sobre tudo. Mas há uma coisa que nos pode ajudar verdadeiramente. A preocuparmo-nos com uma coisa de cada vez. Com um dia de cada vez. Com uma crise de cada vez.

 

Vê se dormes descansado. O futuro é só mais à frente.

Respira fundo. Mais adiante logo veremos.

 

Tira os sapatos e descalça-te de tudo. Só tens o hoje.

Não te atormentes tanto. Não encolhas tanto. O futuro é só amanhã.

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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