Que Luz te atravessa no Natal?

Crónicas 22 dezembro 2021  •  Tempo de Leitura: 2

São muitas as luzes que brilham nesta altura. As luzes baças das notícias tenebrosas. As luzes baças dos que nos fazem acreditar que vivemos para trabalhar, para não ter tempo para mais nada. As luzes do que não é essencial, do dinheiro que é rei em tudo e em todos. As luzes da rua que nos ofuscam os olhos, mas não nos aquecem o coração. As luzes do barulho dos que gritam lá fora, dos que discutem, dos que não se entendem.

 

São muitas as luzes que brilham nesta época…, mas poucas as que, efetivamente, merecem a nossa atenção e o nosso respeito. A dificuldade é, precisamente, saber que luzes precisamos de apagar, de não ver, de não considerar e que luzes precisamos de acender em cada dia, na nossa vida e no nosso coração.

 

Julgo que estes dias que antecedem o Natal podem servir-nos para refletir sobre a forma como queremos continuar a viver, sobre as luzes que queremos, de facto, ver. Sobre os assuntos e as pessoas que merecem, de facto, a nossa atenção.

 

O Menino que se prepara para nascer novamente veio mostrar-nos que não precisamos de muito. Que se pode optar pela pobreza e ser verdadeiramente feliz. Que se pode optar pela simplicidade dos gestos, das atitudes, do trato e fazer dos outros pessoas profundamente felizes, também.

 

No entanto, penso que será necessário que o Menino nasça todos os dias na nossa vida. Para que consigamos visualizar naquele Presépio todos aqueles que merecem a luz da nossa presença e da nossa atenção. É necessário ver no Presépio as famílias que precisam de ajuda, as famílias que não se perdoaram, as famílias que perderam entes queridos e se debatem com o luto, as famílias que estarão separadas, isoladas e confinadas (mais um ano), as famílias que precisam de tempo para curar feridas.

 

O Natal existe para que sejamos desafiados a ver melhor. A amar melhor. A ser melhores.

 

Enquanto perdemos tempo a perseguir as estrelas erradas, que nos permitamos recordar que a única estrela que vale a pena perseguir é aquela que nos leva ao Menino que nasceu por nós. Outra vez.

Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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