Viemos para incomodar…

Cartas a uma amiga 18 outubro 2025  •  Tempo de Leitura: 2

Não digo isto com orgulho mas, com responsabilidade.

 

Por vezes sinto que vivemos numa aparente normalidade em que tudo é permitido, em que o bom senso foi substituído pelo "meu" senso. Parece que, ora, não há mal em nada, ora há mal em tudo. Gratificação é suborno e vender bifanas em plena procissão religiosa é “dar de comer a quem tem fome”J. Parece que vale tudo ao ponto de perdermos a noção do que é correto ou não.

 

Depois, claro, há os que “vêm para incomodar” pois insistem em alertar para certas e determinadas coisas que não estão bem. É claro que são desvalorizadas e apelidados de beatas e velhos do restelo. Enfim…e alguns até são.

 

Não gosto de incomodar ninguém, mas sinto que às vezes sou obrigada a fazê-lo!

 

Não aceito discurso de ódios que incomodam tantos mas, que parecem terem boas sementeiras.

 

Não compreendo que uma opinião, por mais estranha que pareça, seja de imediato alvo de insulto ao invés do contraditório.

 

Não gosto que se use as instituições apenas para fazer bonito, para usar estatuto ou benefício.

 

Incomoda-me que se utilize a Igreja para “fazer” festas, benzer objetos, ou à sombra da honra de santos fazermos negócios sem qualquer busca pela espiritualidade.

 

Incomoda-me perceber que gostamos muito das aparências, mas pouco da prática do culto, da fé e da busca de Deus: isso é para os outros!Enquanto isso, organizam-se festas e em que se quer fazer o melhor com os melhores músicos, o maior número de andores e por aí, mas na vivência comunitária, raramente vemos os seus rostos nem o seu testemunho. Com sorte, vemos os seus filhos na catequese, mas nas eucaristias: isso é para os outros!

 

Incomoda-me e confesso a minha fraqueza, tolda-me a mente.

 

Sei que esta carta vai incomodar algumas almas e até, quiçá, dar origem a comentários que me vão incomodar, mas é assim a vida!

 

E tu amiga, o que te incomoda?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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