Tudo passa… dá-lhe tempo.

Cartas a uma amiga 24 maio 2025  •  Tempo de Leitura: 2

E subitamente somos acometidos por momentos de raiva, tristeza ou de injustiça que nos roem por dentro e nos toldam os pensamentos. Se falamos, podemos ser mal interpretados. Se não falamos, acumulamos mágoas. Ora bolas! A verdade é que aquilo que, no momento, te marca como sendo ”eterno” e “inesquecível” pode desvanecer como uma brisa suave. Esse é um dos grandes méritos da passagem do tempo: relativiza emoções.

 

Não estou a desvalorizar sentimentos, até porque os tenho à flor da pele, mas aprendi que “tudo passa” e o que hoje é intenso, amanhã tende a suavizar-se, isto, claro se não teimares em manteres guardado os piores sentimentos que as relações humanas potenciam.

 

Jesus, na sua parábola do Trigo do joio, reconhece como ninguém a coexistência do bem e do mal. Ao se aperceberem que no meio do trigo havia o joio, foi proposto que se arrancasse mas Jesus disse: “Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele.  Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.”

 

Não nos precipitemos em atitudes irrefletidas, deixa estar…dá-lhe tempo, no final o bem servirá o seu propósito.

 

O Papa Francisco, numa das suas catequeses, fala desta luta “lembremo-nos de que estamos sempre divididos entre extremos opostos: a soberba desafia a humildade; o ódio opõe-se à caridade; a tristeza impede a verdadeira alegria do Espírito; o empedernimento do coração rejeita a misericórdia. Os cristãos caminham constantemente sobre estes cumes.”

 

Isto consola-me, mas impele-me a uma grande reflexão sobre que semente quero cultivar, se o trigo ou o joio, e sobre que cume quero estar. Uma coisa é certa, essa luta é minha e o tempo continua a ser um bom remédio para relativizar as minhas falhas e derrotas.

 

E tu amiga, o que precisas que o tempo cure?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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