Detesto quando me chamam a atenção

Cartas a uma amiga 17 maio 2025  •  Tempo de Leitura: 2

Detesto eu e muita gente, ou melhor, preferia não ser chamada à atenção. Não digo isto com desdém mas lido mal com isso, sou uma refilona: tenho dito!

 

Agora a sério, não é fácil quando somos chamados à atenção por algum comportamento mais reprovável, ou nos mandam calar, ou nos interrompem no meio de uma argumentação.  Ficamos amuados e perdemos capacidades de retórica. Uso o plural pois gosto de acreditar que não sou a única! E não sou, pois volta e meia sou eu que tenho de chamar a atenção, interromper, ou ”revirar os olhos” e sei que o outro nem sempre interpreta o que eu digo com a calma que deveria.

 

A verdade é que todos já estivemos em ambos os lados, e não acredito que alguém tenha gostado. Quando chamamos a atenção, ou somos forçados a discordar da multidão, podemos andar a convencer que estamos bem, mas no interior há sempre uma mágoa por não estarmos de acordo com a maioria. Ser a minoria num processo de decisão, ou ter uma opinião contrária é muito comum, a dificuldade é teres a coragem para a expressar sem ferir suscetibilidades.

 

Por outro lado, nem sempre encaramos bem as minorias, aqueles que parece que se lembram do que os outros não pensaram. Vêm monstros em tudo, perigos e dificuldades em qualquer aventura. Não é fácil rebater oposições contrárias sem que haja choque, amuos e chatices. E sabem acho que isso magoa ambas as partes, porque na verdade, mesmo que parece que alguém ganha a causa, por vezes perdem-se amigos.

 

Em tempos tão extremados acho que vale a pena refletir sobre isto.

Talvez o segredo seja a humildade, mas nunca a subserviência.

 

E tu amiga, como reages quando te chamam a atenção?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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