Valha-me Deus!

Cartas a uma amiga 30 novembro 2024  •  Tempo de Leitura: 2

Recorremos à palavra Deus para quase tudo, seja mau seja bom. Crente e não crentes, usam e abusam de Deus, sobre Ele fazem-se juras e promessas e justificam-se atentados e milagres. Deus “valha-nos” para quase tudo, ao ponto de acharmos que não nos vale para nada. O povo uso muito a expressão sem refletir que se trata de uma oração de confiança, uma oração de abandono pois, se a humanidade é o que é ao menos que “nos valhe Deus”. Depois esta expressão esbarra com o mandamento de Deus de” Não invocar o Santo nome de Deus em vão” mas que parece que já ninguém se lembra. Aliás acho que a maioria dos cristãos até pode saber os mandamentos de cor e salteado, mas pouco sobre o que representa na vida prática.

 

Talvez Deus não se zangue comigo se usar essa expressão, mais vezes que a devida, mas se todos o “invocarmos em vão” como poderá ter ele tempo para cuidar que quem precisa? Esta observação é um pouco infantil mas põe em perspetiva a banalidade das expressões que usamos. Por isso, hoje vou abusar:

 

Valha-me Deus da indiferença humana da qual eu pertenço,

Valha-me Deus da cegueira a que muitos estamos condenados,

Valha-me Deus da arrogância dos poderosos,

Valha-me da Deus da ignorância dos insensatos,

Valha-me Deus pelos que usam o Teu nome, sem nunca Te ter conhecido.

Perdoa-me Senhor, se não agradeço as vezes suficiente em que Tu me valhes pois acredito que Tu realmente me VALHES muitas vezes!

 

E tu amiga, quando foi a última vez que sentiste que Deus te valeu?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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