Dar pérolas a…

Cartas a uma amiga 25 novembro 2023  •  Tempo de Leitura: 2

Quantas vezes nos enchemos de palavras bonitas, inspiradas e repletas de amor e as entregamos de bandeja ao nosso interlocutor?

 

Quantas vezes pomos a melhor toalha, o melhor serviço de louça e a refeição preparada com todo o espero e a damos aos nossos convidados?

 

Quantas vezes damos o nosso melhor, as nossas capacidades, pensamentos, sonhos e loucuras ao serviço de algum projeto?

 

Quantas vezes damos pérolas…?

 

O resto do ditado já é sobejamente conhecido e, mais uma vez, a sabedoria popular, tem a capacidade de pôr em poucas palavras sentimentos tão intensos.

 

Esta é uma expressão que nos remete para a frustração que sentimos quando damos o nosso melhor, seja tempo, opiniões, ideias e conselhos e recebemos…

 

…ora indiferença…

…ora um condescendente aceno de cabeça.

 

Outras vezes somos nós que não sabemos aceitar as pérolas que nos dão em forma de palavras e gestos preciosos para quem o oferece. Estamos tão cheios de nós mesmos, dos nossos tesouros, que desvalorizamos a pérola que o outro nos oferece.

 

Vivemos de expectativas entre o que damos e o que recebemos e nem sempre o equilíbrio se encontra com facilidade. Nem sempre gerimos a frustração com a serenidade necessária de quem sabe discernir o que é uma pérola ou apenas uma pedra disfarçada de brilho.

 

Até lá saibamos dar pérolas a quem as quiser receber e saibamos fazer colares com as pérolas que nos quiserem dar. Quanto às pedras essas…faz o que quiseres, mas não as atires de volta.

 

E tu amiga, que pérolas dás tu?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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