Não tenho sorte nenhuma…. tu é que tens!

Cartas a uma amiga 16 fevereiro 2023  •  Tempo de Leitura: 3

Quantas vezes ouvimos a expressão miserável: “Não tenho sorte nenhuma!”

 

Ou então aquela desvalorização que fazem do nosso esforço quando nos dizem: “Tu é que tens sorte!” Supostamente a sorte é um conjunto de acontecimentos, positivos ou negativos, sobre as quais tu não interferes, são fruto do acaso, destino ou em bom português, do fado.

 

É certo que algumas coisas que nos acontecem são pura sorte, mas até para ter sorte é preciso algo mais. Ora bem, pensemos num chamado jogo da sorte, tipo raspadinha. Para ganhar, o que quer que seja, tem sempre de haver um investimento da minha parte: tempo e dinheiro. Ou seja, há sempre, ou quase sempre, uma variável que depende de mim para que possa “ter a sorte” que tanto se inveja.

 

Eu considero que é muito bom sentir que temos sorte, ou melhor, que as coisas até nos correm bem! Mas não gosto quando se atribui o sucesso que temos, seja pessoal ou profissional, ao mero acaso. Acho mesmo uma desconsideração. Já te aconteceu de te dizerem, tu é que tens sorte de teres um marido bom? Eu tenho a sorte de me dizerem isto muitas vezes! Pois é, e não desconsiderando o maravilhoso marido que tenho (e que no teu caso pode ser emprego, vida, amigos) a verdade é que a sorte dá muito trabalho, não achas? A mim dá!

 

Muitos dos acontecimentos das nossas vidas são realmente o fruto do acaso misturado com grande dose de empenho pessoal. Gosto de pensar que o resultado do nosso bem-estar depende muito mais de nós do que da sorte, embora confesse que…há pessoas com sorte! E ainda bem, porque significa que conseguiram ver uma oportunidade que muitos outros não viram. Repara. Muitas vezes usamos a expressão “foi uma sorte encontrar aquela pessoa”, “foi uma sorte não ter tido aquela acidente”, mas se pensarmos bem, se calhar não foi a sorte a predominante no evento mas a nossa, minha e tua disposição para esse momento. Quando me cruzo com alguém e não tenho uma boa conversa, posso estar a deitar fora uma grande sorte. Quando conduzo, e estou atenta, não só a mim como aos outros, estou a salvaguardar a minha sorte.

 

Somos gente de sorte, eu e tu, porque usamos os nossos sentidos apurados para ver o que muitos outros consideram acaso e agarrar oportunidades sem a ter a tentação de fazermos dos outros verdadeiros muros de lamentação. Sim, porque todos conhecemos alguém que se acha tão miserável que faz de nós muros…. “muros de lamentação” porque “supostamente” não têm sorte, e para nós a sorte sobra!

 

E tu? O que fazes para ter sorte?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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