Entre o Natal e o Ano Novo…
O período entre o Natal que acabou de passar e o final do ano que se aproxima lentamente é diferente de qualquer outro. Tivemos a celebração da Sagrada Família que já não a vivemos de forma frenética. Tudo parece suspenso, como se o calendário tivesse decidido abrandar e fazer uma pausa.
As luzes ainda estão acesas, os presépios intactos, mas algo já começou a mudar. O Natal, com a sua intensidade emocional, ficou para trás; o novo ano, cheio de promessas e boas intenções, está ali, depois de amanhã. E nós, um pouco cansados, um pouco cheios, um pouco ansiosos...
É um tempo que não nos pede para fazer, mas para Ser. E talvez seja por isso que, por vezes, nos deixa desconfortáveis. Vivemos num mundo que nos habitua a preencher cada momento: com compromissos, com palavras, com objetivos. Até a transição de um ano para o outro corre o risco de se tornar uma corrida: balanços, listas, decisões. Como se o futuro precisasse de ser agarrado imediatamente.
É um tempo diferente, este espaço intermédio, frágil, silencioso e lento...
O Natal, na sua essência mais profunda, não é apenas uma celebração, mas o anúncio de uma presença que escolhe a discrição, a humildade. Talvez este tempo seja aquele em que temos de compreender se esta presença encontrou um lugar real nas nossas vidas ou se permaneceu confinada a alguns dias de tradição.
As boas intenções para o Novo Ano poderiam, assim, surgir como resultados naturais de uma escuta sincera e não como impulsos súbitos. Não tanto "o que quero mudar", mas "o que aprendi". Não "em o que quero ser", mas "quem eu realmente sou".
Este tempo talvez seja o tempo de começamos a construir a paz no nosso coração libertando-nos do egoísmo e do individualismo que nos impede de ver os outros como irmãos. De libertação da tentação de nos salvarmos sozinhos, daquela violência subtil que envenena as relações.
Este tempo convida-nos a olhar para o ano que termina sem julgamentos simples, sem absolvições fáceis ou condenações definitivas. Lembra-nos que estamos a caminho. E, talvez, tenhamos que ser mais verdadeiros, mais atentos e mais presentes.
Com paciência, confiança e Esperança, porque o mal, a violência, o medo e o individualismo que vemos pelo mundo, são desafios, são apelos à beleza, à luz e ao amor altruísta.
Força!
Coragem!
Bom Ano!