Que critérios utilizo para oferecer presentes?
Aproxima-se o Natal e cresce a azáfama. Tanta coisa para preparar. E os presentes? Ai os presentes... Como podemos integrar a bela e humana necessidade da troca de presentes, com a preciosa virtude da temperança? Este é o desafio de todos os natais!
Não acho correto recusar completamente qualquer presente em nome da humildade do Natal! Pelo contrário, somos chamados a celebrar a solenidade do Nascimento de Jesus expressando, mesmo através de pequenos presentes ou gestos de afeto, a alegria e o amor que temos.
Compreendo a urgência de repensar o significado de "presente" na sua relação com o Natal, considerado, por excelência, a festa dos presentes. Em primeiro lugar, devemos considerar que esta tradição deriva do próprio significado do Natal: Deus, com o nascimento de Jesus, dá-nos a todos, completamente grátis, o seu Filho Jesus.
Se olharmos com atenção para o Evangelho vemos que em toda a vida terrena, o Filho de Deus, tornou-se um presente para as pessoas que encontrou, permitindo que todos conhecessem o amor de Deus. Na cruz, mostrou-nos a medida desse Amor, convidando-nos, por sua vez, a abraçá-Lo como forma de vida. Além disso, percebemos que Jesus nunca desprezou os gestos de generosidade para com Ele! De facto, em cada pequeno sinal de atenção e afeto, Ele via o coração humano.
A consciência de que, no Natal, Deus nos concede o maior e mais precioso dom, desperta em nós o desejo de trocar presentes, sinal e expressão de amor.
Contudo, a nossa forma de oferecer presentes uns aos outros é que, por vezes, é contaminada por certos mecanismos perversos, que nos impede de viver com espírito de gratuidade.
Devemos colocar-nos algumas questões:
Que critérios utilizo para comprar os presentes?
Porque escolho o presente para cada pessoa?
O que ofereço num bonito embrulho é realmente uma expressão do afeto que sinto por essa pessoa, ou é apenas uma forma subtil de me sentir bem, de me exibir ou de retribuir?
Preocupa-me apenas o valor económico ou o significado que o presente possa ter para quem o recebe?
Sei como ser atencioso com as necessidades daqueles que não têm o necessário e respeitador com os que não podem retribuir na mesma medida?
De facto, há uma certa, digamos, ousadia em oferecer presentes que ofendem e humilham aqueles que vivem na pobreza e na precariedade. Infelizmente, cedemos com demasiada facilidade à lógica da imagem, da opulência e até do desperdício, o que fere os que lutam para garantir o pão de cada dia.
Vamos, então, tentar destruir estes automatismos perversos! Não eliminemos os presentes, mas procuremos assegurar-nos de que são uma expressão desse grande dom que é Jesus. Que sejam um sinal de amor sincero, porque pequenos gestos podem falar da beleza de fazer da própria vida um dom.