Gentileza gera gentileza… Indiferença gera indiferença

Crónicas 13 maio 2023  •  Tempo de Leitura: 3

Tenho o hábito de usar esta expressão para explicar o poder que temos ao fazer o bem e o poder que temos quando não o fazemos. Não quer dizer que façamos mal, apenas nos omitimos a fazer o bem e isso é totalmente diferente, mas se calhar, produz resultados semelhantes.

 

Parece que caiu em desuso a gentileza, pois aparenta alguma fraqueza, dado que alguém abdica de algo seu de direito para dar aos outros (dar um lugar na cadeira, ceder passagem no trânsito, segurar uma porta.). No entanto, o poder da gentileza é GIGANTE e todos sabemos isso, apenas às vezes fingimos não ver justificando com mil e um argumentos. Certo? É válido! Mas diz-me amiga, quando foi a última vez que alguém foi gentil contigo? Como te sentiste? Bem?

 

E quando nos sentimos bem, temos a capacidade de ser luz no caminho dos outros. Não é a gentileza que resolve tudo, mas pode fazer a diferença entre um dia bom e um dia menos bom. Pelo menos, quando alguém é gentil comigo, sinto a necessidade de devolver ao universo o gesto que gratuitamente me foi dado. Que poderoso!

 

O mesmo se aplica para a indiferença, basta pensares na quantidade de mensagens que ignoras, na quantidade de oportunidades que tens para dizer algo simpático, para fazer algo que pode transformar o dia de alguém, e por consequência o teu. E não raras vezes justificamos a nossa omissão de atos, com a expressão: “ela nem liga a isso”.

 

Outras tantas temos medo de criar expectativas, ser gentil e receber um silêncio, ou a mera indiferença. Sim, isso também acontece! Desanimamos, quando cheios de boas intenções, esboçamos o nosso maior sorriso e recebemos o silêncio ou até umas palavras amargas. Mas até aí se testa a nossa persistência e a nossa capacidade de nos mantermos fiéis aos valores da gentileza. Será tão óbvio que os outros vão acabar por olhar para nós e dizer: “olha que bem!”. Se não o fizerem e devolverem ao mundo os atos que gentileza que recebem, ficam, pelo menos a pensar nisso e tu ficas com a certeza que fizeste a tua parte da missão.

 

A gentileza é um rasgo de luz num mundo em que a indiferença te coloca num aparente lugar seguro pois não incomodas nem és incomodado, simplesmente porque não vês nada nem ninguém, ou finges. Talvez seja reflexo daquilo que fazemos nas redes sociais, pois nunca tivemos tantos estímulos para mostrar a nossa opinião com likes, emojis e coisas giras, mas nunca fizemos tanto “passar à frente”, como agora. Espero que nesse processo, não ignoremos nada importante que nos passou à frente dos olhos e não usemos uma expressão célebre da minha amiga: ”fui ignorada com sucesso.”

 

E tu amiga, já foste gentil hoje?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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