«Aprendei a fazer o bem e procurai a justiça»

Crónicas 24 janeiro 2023  •  Tempo de Leitura: 4

Estamos a terminar mais uma Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, celebrada de 18 a 25. Pretendeu-se combater o racismo e a discriminação existente em muitas comunidades cristãs. Como Isaías e tantos outros profetas denunciaram líderes religiosos, alguns cristãos hoje “têm sido ou continuam a ser cúmplices da aceitação ou da perpetuação de preconceitos, da opressão e do crescimento da divisão”.

 

Eis o texto que dá mote a esta semana:

 

«Quando vindes apresentar-vos diante de mim, quem vos pede que piseis os meus átrios? Cessai de trazer oferendas vãs: a fumaça (incenso), tenho-lhe horror! Lua nova, sábado, convocação de assembleia... não aguento mais crimes e festas. As vossas luas novas e as vossas solenidades detesto-as, são um fardo para mim, estou farto de suportá-las. Quando estendeis as mãos, cubro os olhos, podeis multiplicar as orações, não as escuto: vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai do alcance do meu olhar as vossas más ações, cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem, procurai a justiça.

Chamai à razão o espoliador (opressor), fazei justiça ao órfão, tomai a defesa da viúva. Vinde e discutamos, diz o Senhor. Se vossos pecados são como o escarlate, tornar-se-ão brancos como a neve».

 

Isaías 1, 12-18 (Tradução Ecuménica da Bíblia)

 

Os responsáveis pela reflexão, o Conselho de Igrejas do Minnesota nos EUA, lembram que a história mostra que, em vez de reconhecer a dignidade de todos os seres humanos, “muitos cristãos, frequentemente, deixam-se envolver por estruturas de pecado” como a escravidão, a colonização, a segregação e a separação que “feriram outros na sua dignidade, por questões raciais”. “A opressão é nociva para toda a raça humana. Não pode haver unidade sem justiça”. Os cristãos são chamados a não erguer e a não apoiar barreiras – de base étnica, cultural e económica – que dividem a sociedade civil por dentro.

 

Recentemente, com a invasão russa da Ucrânia, houve profundas divisões entre os próprios cristãos, principalmente, entre várias Igrejas Ortodoxas. Esta exploração com chave política da dimensão religiosa corre o risco de comprometer a própria ideia de fé em Deus, aos olhos das novas gerações. Há o perigo de que passem a pensar assim: “Se a religião tende a alimentar conflitos e injustiças, é muito melhor prescindir dela”. Corremos o risco de que o rosto de Deus se torne irreconhecível, de que o céu acabe por fechar-se na vida de tantos jovens.

 

Além disso, esta situação constitui um grave escândalo para a humanidade, um ato de verdadeira desumanidade e um contra-testemunho da própria fé: que irmãos e irmãs na fé em Cristo, ainda que de diferentes confissões, peguem em armas uns contra os outros, causando morte e destruição por toda parte. Fere gravemente o Corpo de Cristo e coloca grandes obstáculos ao caminho ecuménico das Igrejas.

 

É a vocação de todo cristão, comprometer-se a seguir o caminho da unidade da Igreja, independentemente da confissão a que pertença; todos somos chamados a encontrar sempre, e não é fácil, o que une e a redescobrir o fundamento da fé comum, para além de qualquer disputa histórica ou dogmática.

 

Rezemos, pois.



Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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