A oração é um encontro entre duas pessoas: o Homem e Deus.
A Parábola do Semeador deste domingo deixou-me muito pensativo! Principalmente pela resposta que Jesus dá à pergunta dos apóstolos: «Porque lhes falas em parábolas?»
«Jesus respondeu: "Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não. Pois àquele que tem, lhe será dado e lhe será dado em abundância, mas ao que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado". É por isso que lhes falo em parábolas: porque veem sem ver e ouvem sem ouvir nem entender.» (Mt 13, 11-13)
Durante estes dias dei por mim a pensar se sou um daqueles que veem sem ver e ouvem sem entender; se ando distraído; se as preocupações e tribulações deste mundo me tolhem do que é essencial; se os cuidados, as riquezas e demais interesses deste mundo me desviam do caminho, da verdade e da vida...
Já a semana passada fiquei reflexivo ao ouvir a homilia de um sacerdote na televisão. Vou tentar reproduzir as suas palavras: 'O que todos queremos é a felicidade, não é? Mas que felicidade? Pois eu acho que, de verdade, todos queremos é dinheiro, poder, prestígio e fama!' Claro que a sua partilha não ficou por aqui.
De facto, tantas vezes dou por mim a pensar em como alcançar certos bens materiais de felicidade volátil, do que a preocupar-me com o que é que me faz feliz de verdade. É curioso que, quando paro e me concentro no essencial, encontro pessoas a viverem com dificuldades financeiras ou problemas de saúde e, apesar disso, parecem-me tão serenas e tão felizes. Acredito que essas é que veem e ouvem compreendendo a palavra.
E este resultado é fruto de muita oração, sem dúvida alguma. A oração é um encontro entre duas pessoas: o Homem e Deus. Um perante o Outro, em diálogo com toda a nossa realidade existencial, o estado interior, os pensamentos e as preocupações. Este encontro pessoal não fica apenas pelo nível das ideias ou dos pensamentos, mas deve envolver toda a pessoa nos afetos e nos sentimentos. Na oração temos que entrar com toda a riqueza da nossa humanidade. Não foi assim que Jesus Cristo amou? E amou até à cruz!
Então percebo como estas pessoas estão tão serenas e tão felizes! Elas transformam em oração aqueles sofrimentos, comunicando nesse encontro tudo o que agita o seu coração. Entregam-se de forma simples e confiante, na certeza de dialogar com um Pai que cuida deles, recolhe as suas lágrimas e as suas lamentações. E assim, dão fruto nas suas vidas "ora cem, ora sessenta, ora trinta por um".
Votos de uma semana de Visão e Escuta Orantes.