De onde nos vem a nossa alegria?

Crónicas 15 fevereiro 2022  •  Tempo de Leitura: 3

No ano de 356 a.C., foi reduzido a escombros o orgulho da cidade de Éfeso, o Templo de Artemisa. O autor foi Heróstrato, que deitou fogo ao edifício pensando que a sua destruição seria a única oportunidade de alcançar a fama imortal.

 

Este é o Complexo de Heróstrato: o desejo de eternidade através da fama a qualquer custo. E isto pode ocorrer mesmo quando temos qualidades e capacidades para o ser, mas não as querendo desenvolver, optamos por construir e viver a aparência.

 

Damos demasiada prioridade às aparências. Basta percorrer a maioria das nossas redes sociais para constatar este facto. Vivemos uma "Cultura Instagramável", onde partilhamos, de uma forma geral, as nossas fotos mais lindas, maquilhadas de sucesso, de momentos históricos e bem sucedidos. Impingimos a beleza dos locais, a importância das nossas viagens e eventos. Colecionamos coisas caras e pessoas importantes. Projetamos a ideia de uma vida feliz e bem sucedida…

 

Ao ouvirmos o Evangelho deste domingo, ficamos derrotados, destroçados, vencidos.. "Aí de vós…"

 

O Papa Francisco, na semana anterior ao Natal, disse uma frase que me deixou alerta: «Quem não segue o caminho da humildade só se olha ao espelho». A humildade leva-nos a Deus e, porque nos leva a Ele, ao mesmo tempo também nos conduz ao essencial da vida. Ao sentido mais verdadeiro e mais confiável pelo qual a vida vale a pena ser vivida.

 

Sem a humildade afastamo-nos de Deus. Não o entendemos e, consequentemente, não nos compreendemos a nós mesmos. A humildade põe-nos em busca da verdade, da alegria autêntica, "da fama que interessa".

 

Nessa semana, Francisco acrescentou que os Reis Magos poderiam ser grandes segundo a lógica do mundo, mas fizeram-se pequenos quando humildemente se puseram a caminho e procuraram o menino.

 

Todos somos chamados a procurar Deus. Para nós cristãos, Ele é a fonte de toda a alegria. O sentido da nossa vida é a felicidade. Ora não podemos esquecer que, a razão da nossa alegria, é que Deus amou-nos primeiro. Foi Ele que nos procurou, que veio ao nosso encontro encarnando num menino e dando a sua vida por nós na cruz.

 

É verdade que não podemos negar a pressão social que existe à nossa volta. É verdade que todos gostamos de ser reconhecidos pelos demais. Mas isso não significa que tenhamos que agradar a todos na forma como vivemos, nos valores que defendemos, na fé que esperamos. Significa acima de tudo, que somos únicos e amados por Deus.

 

Por isso O procuramos. Por isso nos alegramos.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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