O Vinho da Esperança

Crónicas 18 janeiro 2022  •  Tempo de Leitura: 2

Este domingo o padre José Manuel demorou-se um pouco mais no sermão sobre as Bodas de Caná. É uma alegria ouvir homilias destas. Mais do que entrar pelo moralismo, centrou-se na alegria da Boa Nova que é o Evangelho.

 

Tantas vezes esquecemos o essencial da nossa fé. Jesus inaugura um tempo novo. Abre-nos os horizontes. Enche-nos de renovada esperança.

 

Neste episódio, que no Evangelho segundo João é o primeiro sinal dos sete que ele narra, o vinho último, o vinho bom é o próprio Jesus Cristo que nos dá. Nós, muitas vezes, temos um comportamento como o chefe de sala. Não sabemos de onde vem este tempo novo. Esquecemos ou deixamo-nos orientar por outros vinhos.

 

Muitas vezes permanecemos no exterior, nas talhas de água para cumprir com rituais que quase nada nos dizem. "O essencial é invisível aos olhos", já nos diz O Principezinho à muito tempo. Fazemos dificuldade em perceber que a nossa conversão parte de dentro.

 

Esta passagem das Bodas de Caná, deve ressoar nos nossos corações, sempre que um acontecimento triste, desanimador ou doloroso faça a vida parecer-nos um fracasso; onde toda a alegria desapareça ou a felicidade pareça impossível. Tal como um casamento sem vinho.

 

Deus preocupa-se com cada um de nós e com nossa alegria. Só precisamos de fazer tudo o que Ele nos disser. Mesmo quando não percebemos, tal como aqueles serventes que encheram as talhas.

 

O sétimo dos livros que compõem "Os Irmãos Karamazov" de Fiódor Dostoiévski, termina com a morte do monge Zossìma, pai e guia espiritual do jovem protagonista, Aliêksei Fiodorovitch Karamázov. Ele, em sofrido luto, enquanto vela aquele corpo, ouve a passagem evangélica das Bodas de Caná. No final já não é mais o mesmo. O seu luto transformou-se em alegria e profunda gratidão. Sai a correr da cela do monge e atira-se de cabeça para a vida, animado por uma nova energia.

 

Com o sinal de Caná, abriu-se este novo tempo e renovou-se a esperança.

 

Que a nossa fé seja assim vivida.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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