Morte Negada, Morte Escondida…

Crónicas 2 novembro 2021  •  Tempo de Leitura: 3

O provedor da Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa disse à Agência ECCLESIA e à Rádio Renascença que a instituição acompanhou mais de 220 funerais de corpos por reclamar só nos últimos 12 meses.

 

“A maior parte das pessoas não conhece os vizinhos do próprio prédio, porque sai de manhã para o trabalho, e encontram-se quando muito no elevador, à noite, quando voltam”, exemplifica Mário Pinto Coelho. Muita gente vive e morre sozinha…

 

A Irmandade acompanha estes funerais desde 2004. Preocupa-se em dar um funeral digno a quem morre sozinho e responde a uma das obras de misericórdia da tradição católica, tanto corporais como espirituais, sepultar os mortos e rezar por eles.

 

Neste tempo em que a morte é exorcizada, negada ou escondida, é urgente recolocar-nos, como crentes, num horizonte de eternidade, para o fim a que somos chamados: a vida eterna. Não negar a realidade histórica, mas aprender a olhar para ela desde o fim. 

 

A morte é o grande tabu do Homem moderno. O Homem contemporâneo, não só tem medo de falar dela, como manifesta com dificuldade os próprios sinais do luto. Inventam-se muitas estratégias para esconder esta dramática realidade que, como sabemos, faz parte da vida: “É inconveniente que uma criança veja o corpo do avô, pode ficar traumatizada"; ou, "Não é razoável manter o membro da família falecido em casa antes do funeral! A casa é pequena e…”.

 

No entanto, o cristão é convidado a olhar para a morte com esperança! A luz da fé ilumina o olhar e ajuda a enfrentar este doloroso acontecimento, com confiança, na certeza de que a vida não é tirada, mas transformada.

 

O nosso Deus, em Jesus, revelou-nos o seu rosto de misericórdia e de amor, de Pai que espera pelo nosso regresso para nos dar uma vida que não tem fim. Se o ato da morte permanece para todos um mistério, a fé envolve-nos com a esperança de sermos acolhidos pelos braços abertos e seguros do nosso Pai que está nos céus.

 

«Onde está, ó morte, a tua vitória?

Onde está, ó morte, o teu aguilhão?

O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei.

Mas sejam dadas graças a Deus que nos dá a vitória

por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo.» 

(1Cor 15, 55-57).



Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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