«Como pode Satanás expulsar Satanás?»

Crónicas 8 junho 2021  •  Tempo de Leitura: 3

Jesus não era, diremos nós hoje, politicamente correto. Isto é, apesar de toda a sua humanidade e sensibilidade «não deixava para amanhã o que podia fazer hoje». Perante a surpresa que a sua comunicação gerava, não "se acanhava" ou "deixava por dizer". Comunicava a palavra do Pai. Ou seja, era Palavra encarnada.

 

O seu agir criava situações de mal estar. Pudemos ver no Evangelho deste fim de semana:

 

"Naquele tempo, Jesus chegou a casa com os seus discípulos. E de novo acorreu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. Ao saberem disto, os parentes de Jesus puseram-se a caminho para O deter, pois diziam: «Está fora de Si»." (Mc 3, 20-21)

 

A reação de Jesus é sublime: "Como pode Satanás expulsar Satanás?" (Cf. Mc 3, 23) O que Ele quer dizer é, se o mal se levanta contra si próprio e se divide, como poderá subsistir? Está condenado à derrota!

 

Esta é a grande mensagem do Evangelho deste domingo: quando o cristão se coloca contra outro cristão, como poderá o cristianismo sobreviver? Sem dúvidas que passará por fortes tormentos. Prevalecerá, porque vontade e criação divina e não humana. 

 

Quando olhamos para a história da Igreja; quando analisámos a história de cada cristão na sua singularidade, percebemos que se fosse apenas pela nossa humanidade frágil, já o cristianismo e a mensagem de Jesus, se tinha perdido nos tempos.

 

No entanto, o aviso de Jesus é-nos enviado a todos e cada um de nós: Se te levantas contra o teu irmão, o reino divide-se e cai nas mãos do inimigo.

 

Jesus alerta-nos para as circunstâncias da vida. Quando nas famílias; quando nas relações de amizade e de amor; quando nas relações de trabalho; as nossas faltas aos nossos compromissos assumidos… nos dividimos, Satanás, o mal, cria abismos onde o cristão deve criar pontes!

 

No meu dia-a-dia, confronto-me tantas, mas tantas vezes com esta divisão. A inveja, uma vida mal resolvida, é suficiente para criar mau estar na família ou no emprego. Quantas vezes procuramos um bode expiatório para os nossos azedumes ou para as nossas falhas aos compromissos assumidos? Quantas vezes procuramos ver no outro as nossas traves? Desculpamo-nos com o argueiro que está no olho dos demais irmãos…

 

Jesus fala-nos da verdade. Ele é a Verdade! E nós, que nos dizemos verdadeiros, não passamos de ratos… Nós é que "andámos fora de nós"

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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