Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós

Crónicas 4 maio 2021  •  Tempo de Leitura: 3

Consciência. Procuro, como qualquer comum dos mortais, levar uma vida consciente. Posso fazer pouco, no entanto, é bom que saiba o que faço, o que digo e as opções que tomo. É um exercício que procuro realizar todos os dias, porque em todos eles me relaciono com pessoas e sei que deixo uma "marca". Tal como os outros "me marcam".

 

E é curioso que, neste exercício de saber o que faço, infelizmente descontínuo, que me recordo de passagens, momentos, acontecimentos e vivências, que procuro repetir, porque bons, ou evitar, porque maus ou indesejáveis.

 

O propósito deste reflexão está na 1ª leitura da liturgia deste fim de semana:

 

«Naqueles dias, Saulo chegou a Jerusalém e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos o temiam, por não acreditarem que fosse discípulo. Então, Barnabé tomou-o consigo, levou-o aos Apóstolos e contou-lhes como Saulo, no caminho, tinha visto o Senhor, que lhe tinha falado, e como em Damasco tinha pregado com firmeza em nome de Jesus. A partir desse dia, Saulo ficou com eles em Jerusalém e falava com firmeza no nome do Senhor.» (At 9, 26-27)

 

Ao ouvir esta leitura recordei, de imediato, as palavras de São João Paulo II no dia 22 de Abril de 1978, no discurso de inauguração do seu pontificado:

 

«Não tenhais medo! Abri, antes, escancarai as portas a Cristo! Ao seu poder salvífico abri as fronteiras dos estados, dos sistemas económicos e também políticos, os vastos campos da cultura, da civilização, do desenvolvimento. Não tenhais medo!»

 

Quem se encontra com Cristo, não tem medo de estar com os outros; não tem medo de enfrentar a vida.

 

Como podemos imaginar Saulo, (com a sua conversão passou a chamar-se Paulo e para nós, São Paulo), com a coragem de enfrentar aqueles que até então perseguira? Como podemos imaginar o Santo Padre João Paulo II a arrastar-se na doença cumprindo com a sua missão de pedra sobre a qual está construída a Igreja?

 

Que forças para aguentar a perseguição após a conversão? Que forças para aceitar o martírio em nome dessa fé? Que forças, para transportar a sua cruz nos últimos dias do seu pontificado com tantas intervenções cirúrgicas, entre as quais uma traqueostomia para poder respirar?

 

A resposta está no Evangelho desta semana: «Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós.» (Jo 15, 4)

 

Podemos fazer discursos muito belos de videiras e ramos; de ovelhas e pastores… Mas se não nos encontrarmos com Ele e não permanecermos n'Ele, tudo isto é em vão.

 

Tarefa dificílima, à qual o cristão não se pode recusar.

 

Como me respondeu uma amiga, do alto dos seus 80 anos, à pergunta: "O que pode haver mais difícil que a morte?" - "A vida!" 

 

É nesta vida que devemos encontrar-nos com Ele e ali permanecermos.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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