O que significa «Jesus de Nazaré ressuscitou»?

Crónicas 18 abril 2017  •  Tempo de Leitura: 3

«Esta é a noite, que liberta das trevas do pecado e da corrupção do mundo aqueles que hoje por toda a terra creem em Cristo, noite que os restitui à graça e os reúne na comunhão dos Santos.

Esta é a noite, em que Cristo, quebrando as cadeias da morte, Se levanta vitorioso do túmulo.

De nada nos serviria ter nascido, se não tivéssemos sido resgatados.»

 

Este trecho do Precónio Pascal, que é cantado na Vigília de Sábado Santo, faz-me sempre "mergulhar" no coração da fé cristã. De facto, como diz Paulo na carta aos Coríntios: «Se Cristo não ressuscitou, a vossa fé é inútil e ainda estais nos vossos pecados. Todos os que morreram em Cristo estão perdidos. Se a nossa esperança em Cristo é apenas para esta vida, somos os mais dignos de compaixão entre todos os homens.» (1 Cor 15, 17-19).

O que significa "Jesus de Nazaré ressuscitou"? O que significa hoje? Nestes dias de tanta violência na Síria? Nestas semanas de tantas ameaças da Coreia do Norte? Nestes meses com tantos atentados na Europa?

Vivemos a Oitava da Páscoa. Nestes dias, que significa "a fé é tudo"; que quer dizer "a ressurreição é o centro de toda a mensagem cristã", quando continuamos a assistir a escândalos de membros da Igreja que pecam contra a castidade e contra a caridade; quando cristãos são pouco transparentes com o dinheiro, "manipulam" as instituições de solidariedade...

Perante isto mais do que dar uma resposta é preciso ser "proactivo", isto é, fazer alguma coisa, mexer-se. Mais do que tentar desculpar e explicar estas realidades, é preciso dar um testemunho contrário, um testemunho positivo de que Cristo Ressuscitou. Haverá sempre uma grande distância entre o que a Páscoa anuncia e a nossa realidade finita e imperfeita. A Páscoa fala de vida, o nosso mundo de morte. A Páscoa fala de lavar os pés aos outros, o nosso mundo de violência que mata o outro. A Páscoa fala de um mundo novo e o nosso mostra-se incapaz de se renovar... No entanto, temos que ser sinais de Esperança. Não de facilitismo, como que à espera de uma intervenção divina que não respeite a nossa liberdade. Mas enraizados na Páscoa de Cristo, nunca perdemos a coragem, nunca desistimos, nunca nos perdemos neste mundo.

A esperança cristã não é "insuflada de vaidade ou elitismo". Ela exige coragem, fortaleza e disponibilidade para nos abandonarmos nas mãos de Deus e dos irmãos, como Jesus que com esta atitude não recuou perante a ameaça da morte, mas ofereceu a sua vida em favor de muitos.

A Páscoa de Cristo é luz que arrasa as trevas e nos enche de esperança, mesmo perante esta realidade de violência e escândalo. A Páscoa de Cristo dá-nos a coragem e a persistência para não nos limitar-mos a "acusar" os defeitos da Igreja e dos outros, mas renovar-nos e assim transformarmos este mundo num mundo novo.

Continuação de uma Santa Páscoa.

 

Nota: Parabéns ao Portal iMissio por esta nova imagem e por esta nova proposta que é o seu Magazine.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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