Um bom cristão é um bom cidadão

Crónicas 30 junho 2020  •  Tempo de Leitura: 4

A máscara tem sido tema para muitos debates na nossa vida pública e política. Ela, de facto, tornou-se um bem essencial para o nosso quotidiano. Sempre que estamos com pessoas que não façam parte do nosso núcleo familiar, devemos usá-la.

 

A gravidade da pandemia pela qual ainda passamos, basta olhar para Lisboa e Vale do Tejo, pede que usemos proteções que previnam uma nova infeção. Na verdade, o que vivenciamos no passado recente deve ser conservado na memória para que possamos evitar, no presente, erros que podem ser fatais. Se é verdade que em Portugal não assistimos ao desespero da classe médica a tentar salvar a todos, como o vimos na Itália e na Espanha, também é certo que  passamos por grandes sofrimentos morais, psíquicos e físicos… Ficamos em quarentena! Ficamos confinados! Sentimos a fragilidade humana…

 

Curiosamente, quando me encontro na eucaristia onde se dá expressão ao uso da máscara e à distância, sinto de uma forma muito consciente a necessidade de ter muito cuidado em retomar as atividades ditas normais. Espero e desejo que, tal como na missa, todas estas regras de respeito pelo outro sejam aceites e implementadas não só nos locais de culto, mas também em todas as esferas da vida social e pública. Um bom cristão é um bom cidadão.

 

Ao mesmo tempo o cuidado que tenho como cidadão, usando a máscara e a distância social dentro do local de culto, ajuda-me a ser um bom crente. Tantas vezes participamos nos ritos religiosos com pouca ou nenhuma atenção, apenas por hábito. Ou mesmo sem a verdadeira consciência do que estamos a viver. Encontrar-nos agora, limitados em espaço e número, repletos de objetos para as mãos e para a boca, espaçados como nunca estivemos, poderá talvez ajudar-nos a apreciar a normalidade, quando tudo isso passar.

 

Do ponto de vista litúrgico e sacramental, essas proteções não diminuem o significado e o valor da celebração. Nem mesmo o comungar na mão. Pessoalmente, não estou entre os que apoiam a teoria de que a comunhão nas mãos deve ser a única permitida, especialmente por razões de higiene. Ao mesmo tempo, no entanto, não posso aceitar que haja quem acredite que a comunhão nas mãos possa ser ofensiva para o Corpo de Cristo. 

 

Antes de tudo, gostaria de entender como é possível que os membros do corpo humano, dom de Deus e templo do Espírito Santo, de acordo com a teologia paulina, constituam uma ofensa a Deus. Deus pode ofender-se com o que ele criou? 

 

«Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas, o que sai do homem, isso é que o torna impuro» (Mc 7,15)

 

Quase todas as nossas ações são realizadas pelas nossas mãos. Elas sozinhas não fazem o bem e ou o mal a ninguém. São um instrumento para realizar o que carregamos no nosso coração e na nossa mente. 

 

Que o uso das máscaras e do álcool gel, nos ajudem a purificar a nossa oração e a nossa ação.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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