O parecer ser e o sê-lo de facto.

Crónicas 16 junho 2020  •  Tempo de Leitura: 3

Voltamos às celebrações eucarísticas e… Com as novas diretrizes de segurança os nossos templos parecem-nos mais vazios… Vem-me constantemente ao pensamento: É o futuro?

 

Este momento pode ser uma oportunidade para refletir sobre nossa vocação evangélica de ser apenas um pequena porção de fermento ou de sal, uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes, mas uma vez semeada, transforma-se numa árvore, muito maior que muitas outras plantas, tanto que os pássaros do céu vêm para nidificar entre seus galhos. 

 

No Evangelho, o que é pequeno, aparentemente insignificante e escondido, é extremamente frutífero e os frutos são até desproporcionais. A desproporção entre a pequenez e a fragilidade dos meios com os resultados obtidos é sempre surpreendente no Evangelho.

 

Cinco pães de cevada e dois peixes, nas mãos de Jesus, não foram suficientes para alimentar cinco mil pessoas? «A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta.» (Mt 13, 23) E o que são doze apóstolos diante do mundo inteiro?

 

Mas não é fácil assumir esta verdade! A lógica humana procura instintiva e inconscientemente os grandes números, os grandes eventos, as grandes colheitas… Só com muita dificuldade, é que somos capazes de aceitar esta realidade… O cristianismo já não é uma religião de "massas".

 

Mas acredito que esta situação de minoria, é uma preciosa oportunidade de redescobrir a nossa vocação à autenticidade!  Ela é a condição indispensável para que a semente dê fruto de acordo com o plano de Deus.

 

Acredito que esta situação de minoria, que para o ser humano parece ser um fracasso, aos olhos de Deus pode ser uma graça, porque a adesão a Jesus Cristo deve ser consequência de um encontro pessoal com Ele; deve ser o resultado de uma livre escolha e livre adesão ao seu amor; deve ser testemunhado na experiência concreta da vida.

 

Um cristianismo baseado num normativismo moral, litúrgico cai no risco de parecer ser e não de ser de facto fruto deste encontro pessoal que modifica e dá sentido às nossas vidas. E por ser-nos bom é que o queremos testemunhar, partilhar com o resto da humanidade sem medos e receios.

 

Se olharmos para a história do povo cristão, facilmente veremos quais foram as épocas de maior riqueza testemunhal com a vida e com ações em favor da humanidade. As "grandes massas" sempre tiveram a tentação de cair no egoísmo das palavras vazias. Na perseguição e no "pequeno rebanho" é que houve o florescimento de grandes testemunhos e doutores de Deus e não da lei.

 

Cada um de nós seja testemunha de Cristo e do seu amor. 

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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