Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio
A palavra de ordem para os tempos de hoje é: “Compras!”
Temos como destino o shopping ou o supermercado e queremos adquirir tudo o que a carteira possa pagar,
(quantas vezes o que não podemos comprar…) para um prazer imediato,
para dizer que temos e para que a casa fique cheia!!!
Carregamo-nos com bens efémeros e vendemos a baixo preço as palavras:
«Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egipto,
dessa casa de escravidão. Não terás outros deuses perante Mim.»
Caímos numa malha de rede que não nos deixa escapar e somos marionetes nas mãos do Consumismo!
O resultado final deste querer ter, a cada dia que passa, mais e mais “bilocos” é o aumento da sujidade,
quer visível quer invisível, que contrabalança com a Lei do Cristo, como nos alerta S. Paulo:
«…o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens e
o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. »
Mesmo com todos os alertas e com todos os ensinamentos e com tudo o que já nos foi oferecido…
Nós, seres humanos e criaturas de Deus onde habita o Próprio Deus,
escolhemos o mal menor, a leveza da Cruz, o caminho mais rápido e o afastamento dos:
«…preceitos do Senhor que são rectos e alegram o coração;
os mandamentos do Senhor são claros e iluminam os olhos.»
E entre nós reina a máxima: “A Lei foi inventada para ser contornada…”
Que desalento… que tristeza… que mágoa invadirá o peito do Senhor Jesus?
«Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo…»
Se não somos capazes de cortar estes fios que nos amarram, nos escravizam a estas coisitas do mundo,
porque culpamos Deus pelas horas de angústia que nos assaltam?
O Cristo veio para morrer por ti e por mim…
Mas, vence a morte e, agora, a liberdade é a única meta que temos de traçar!
Pensamos que o “lixo” que nos rodeia são bens essenciais à vida e é bem verdade…
Só que ter um casaco de cada cor não é prioridade…
Ter o último modelo do Telemóvel não faz de nós pessoas eternamente realizadas…
Ter o corpo bem adornado não nos liberta da dor…
Pois tudo isto… Jesus destruiu!
Hoje, a Liturgia do 3º domingo da Quaresma, do ano B, quer que cada um de nós,
se olhe ao espelho e encontre o Templo Sagrado do Senhor da VIDA!
Não é com a aparência física nem com os tijolos de pedra que erguemos esta Igreja…
é com acção, com gestos de ternura e de partilha, com palavras assertivas e no momento certo,
que SOMOS o verdadeiro Templo Sagrado Daquele que morreu por nós!
A diferença entre o SER e o ter é visível a olhos nus nos gestos de Jesus…
O Mestre não quer ter grandes casas,
quer Ser um coração grande onde permaneça a Sua Lei!
Não quer ter um grande carro para viajar pelo mundo,
quer Ser Palavra de ordem que anuncia a infinita Misericórdia do Pai!
Não quer ter um corpo revestido pelo mais fino ouro,
quer Ser a Paz, a Amizade, a Justiça
que nos Une no Seu Corpo que em três dias se levantou…
Hoje, o nosso busto ergue-se com um consumismo desmedido…
Que o maior consumo diário, de cada um de nós, seja o Amor e
a Esperança que nos desperta para a missão de Ser Templo Sagrado!