Quanto mais se cresce na fé, mais se cresce na humildade.

Crónicas 2 maio 2017  •  Tempo de Leitura: 3

Ter fé é caminhar! Esta é a premissa para qualquer tipo de discussão acerca da religião, seja ela qual for.

Durante esta semana assisti, com tristeza, ao debate nas redes sociais do novo livro de D. Carlos Azevedo e do artigo de opinião do Pe. Anselmo Borges, acerca das aparições de Nossa Senhora em Fátima. Escrevo tristeza, porque para muitos católicos é um tema de certezas absolutas. Sejamos honestos! Se as aparições de Maria fossem tão absolutas, seriam dogmas de fé. Isto é: para sermos verdadeiramente cristãos católicos, não podíamos não acreditar nas aparições, tal como não podemos não acreditar na morte e ressurreição do Senhor. Podemos ter dúvidas em muitos momentos, daí o "caminhar na fé", mas a partir do momento em que não acreditamos, é vã a nossa fé.

Mas as aparições de Nossa Senhora, não são dogma de fé. Apesar de tudo isto, pessoalmente acredito na mensagem de Fátima, que resumo em duas palavras: Oração e Conversão.

O que é curioso é que nenhum dos autores põe em causa o fenómeno, mas apenas procuram, dentro dos seus limites pessoais, esclarecer o que de facto aconteceu em 1917. Mas logo, os ditos "conservadores das boas tradições", "esmagaram" com o seu "purismo" habitual estes dois cristãos... Entre cristãos católicos, isto inunda-me de tristeza... Como caminhamos para longe de Jerusalém como os discípulos de Emaús...

No entanto Francisco, na sua viagem ao Egipto, diz: "Deus aprecia apenas a fé professada com a vida, porque o único extremismo permitido nos crentes é aquele da caridade". Qualquer outra forma de extremismo não vem de Deus. É claro que o Papa refere-se ao contexto onde vive uma minoria de cristãos católicos que, juntamente com o Coptas Ortodoxos, têm sido perseguidos e alvo de atentados nos últimos tempos. Porém, esta mensagem pode e deve ser dirigida a todos nós que nos dizemos cristãos e católicos.

Este é o caminho apontado por Francisco: caridade e perdão. Uma fé preenchida pela caridade, torna-nos mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos. Uma fé preenchida pelo perdão, leva-nos a amar gratuitamente e sem distinção ou preferências. Leva-nos a ver o outro jamais como inimigo, mas como irmão a amar, a respeitar e a servir. Só uma fé animada pela caridade e pelo perdão, ajuda-nos a viver uma cultura de encontro, de diálogo e de respeito.

No Air Defense Stadium, onde o Papa Francisco celebrou a única missa nesta viagem muito curta à capital egípcia, ficou bem claro para os pouco mais de 25 mil crentes presentes: "A fé verdadeira é aquela que nos conduz a proteger os direitos dos outros com a mesma força e o mesmo entusiamo com que defendemos os nossos. Na realidade, quanto mais se cresce na fé e no conhecimento, mais se cresce na humildade e na consciência de sermos pequenos".

Continuação de uma Santa Páscoa marcada pelo encontro.


[©Foto: Paulo Victória]

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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