Não somos luz, apenas testemunhamos a Luz.

Cartas a uma amiga 13 dezembro 2025  •  Tempo de Leitura: 2

Uso muitas vezes a expressão: “És luz” para representar o que de mais positivo a pessoa representa na minha vida. Seja pelo carinho, atenção ou ajuda dada, essa pessoa foi uma luz num momento mais escuro da minha vida. Acredito que todos o devemos ser!

 

No entanto, numa homilia que escutei sobre João Batista, apercebi-me de algo que mexeu com as minhas convicções sobre ser ou não ser Luz. Diz João: “Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. Ele não era a luz, mas veio dar testemunho da luz” (João 1,7-8).

 

Na verdade, parece arrogante considerar-mos que somos a Luz capaz de salvar o dia de alguém! Acredito, pois que a Luz que transporto não é minha, mas que também tenho o enorme poder de a esconder ou de a ampliar. Se para alguém a minha inspiração é "luz", a minha alegria é "luz", o meu otimismo e esperança é "luz", então que seja, mas que eu tenha consciência que eu não sou a luz, mas decidi testemunhar a luz que recebi, em vez de a limitar a ser meramente figurativa.

 

Isso tranquiliza-me, mas ao mesmo tempo responsabiliza os meus atos. 

 

Se quero testemunhar ou não essa Luz, é da minha responsabilidade, pois a Luz que carrego… essa ofusca qualquer preguiça. A luz que testemunho é forte mas nem sempre sou o melhor receptáculo. Nem sempre me apetece pôr a render os talentos que recebi ou dar esperança a quem me procura. Nem sempre me sinto luz, porque não sou! Não sou eu a estrela, nem a protagonista, mas Cristo em mim. 

 

Imagino-me um candeeiro em vidro com uma luz terna e suave que constantemente me pede: “limpa os vidros, muda-me de sitio, vá lá, não te prendas à beleza da chama, não te distraias, leva-a onde faz falta”. E lá vou eu, insistindo em levar a luz que me deram e a garantir que não se apague cultivando o que me melhor possuo, partilhando o que sei e afastando o que possa ofuscar o que realmente é verdadeiro. Não é nada fácil! Levamos cada rajada de vento:)! Somos sobressaltados por dúvidas, por coisas mundanas que nos distraem as vistas e oferecem outras coisas luminosas, mas que não ardem cá dentro.

 

E tu, amiga, tens testemunhado a luz que carregas?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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