É agora, Senhor?

Cartas a uma amiga 19 abril 2025  •  Tempo de Leitura: 2

Será que é agora que apareces a este mundo para nos libertar das chagas do desprezo e da discórdia?

Será que é agora que nos vais tirar as cruzes da guerra e do fanatismo?

 

Diz-me que é agora!

 

Todas as Páscoas rezo para que haja esta libertação. Que de repente acordamos, como que saídos do sepulcro e vemos um mundo novo onde reina a tua paz.

Todos os anos faço deserto com esperança de renascer melhor. Renascer com mais mansidão, paciência e capacidade de construir pontes onde há muros. Bem tento Senhor, mas não está a ser fácil.

 

É agora Senhor? Dá-nos o sinal que precisamos.

 

O poder de Te levar aos errantes sem que nos apedrejem.

O poder de levar a Tua voz sem sermos desprezados.

O poder de Te fazermos ouvir e calar as injustiças que parecem estar normalizadas. Fazer renascer em cada um o melhor que tem e escancarar as portas da Igreja a quem quer conhecer melhor o Deus Pai.

As Tuas palavras são transformadoras, mas parece que já poucos o querem ouvir, ou melhor, por em prática.

Insistimos nas divisões e traições em troca de 30 ou menos moedas. Beijamos pela frente e criticamos por trás.

Esquecemos de amizades e antigas alianças por medo de perder influências mais proveitosas. Batemos com a mão no peito, mas esquecemo-nos de conhecer o que no peito nos vai. Fazemos festas, procissões e romarias, não para louvar, mas para mostrar que fazemos mais e melhor. Trabalhamos para as nossas “capelinhas” e quando nos convidam a trabalhar juntos, olhamos de lado, ou até evitamos pedir conselhos a quem sabe com medo de perdermos o nosso mérito.

Por isso, Senhor, te peço, tira a pedra do nosso Sepulcro e mostra-nos que é sempre tempo de recomeçar.

 

E porque não agora, Senhor?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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