É agora, Senhor?
Será que é agora que apareces a este mundo para nos libertar das chagas do desprezo e da discórdia?
Será que é agora que nos vais tirar as cruzes da guerra e do fanatismo?
Diz-me que é agora!
Todas as Páscoas rezo para que haja esta libertação. Que de repente acordamos, como que saídos do sepulcro e vemos um mundo novo onde reina a tua paz.
Todos os anos faço deserto com esperança de renascer melhor. Renascer com mais mansidão, paciência e capacidade de construir pontes onde há muros. Bem tento Senhor, mas não está a ser fácil.
É agora Senhor? Dá-nos o sinal que precisamos.
O poder de Te levar aos errantes sem que nos apedrejem.
O poder de levar a Tua voz sem sermos desprezados.
O poder de Te fazermos ouvir e calar as injustiças que parecem estar normalizadas. Fazer renascer em cada um o melhor que tem e escancarar as portas da Igreja a quem quer conhecer melhor o Deus Pai.
As Tuas palavras são transformadoras, mas parece que já poucos o querem ouvir, ou melhor, por em prática.
Insistimos nas divisões e traições em troca de 30 ou menos moedas. Beijamos pela frente e criticamos por trás.
Esquecemos de amizades e antigas alianças por medo de perder influências mais proveitosas. Batemos com a mão no peito, mas esquecemo-nos de conhecer o que no peito nos vai. Fazemos festas, procissões e romarias, não para louvar, mas para mostrar que fazemos mais e melhor. Trabalhamos para as nossas “capelinhas” e quando nos convidam a trabalhar juntos, olhamos de lado, ou até evitamos pedir conselhos a quem sabe com medo de perdermos o nosso mérito.
Por isso, Senhor, te peço, tira a pedra do nosso Sepulcro e mostra-nos que é sempre tempo de recomeçar.
E porque não agora, Senhor?