13 de Maio
As aparições de Nossa Senhora, que tiveram início a 13 de Maio de 1917, foram oficialmente reconhecidas pela Igreja em 1930, depois de um longo processo canónico que envolveu todo o tipo de investigações sobre os protagonistas e as circunstâncias das aparições, quando o bispo da diocese as declarou “dignas de fé”.
Há, sem dúvida, uma correspondência entre a mensagem de Fátima – digo a mensagem e não o segredo – que apela à penitência e à conversão, e a gravidade dos acontecimentos históricos ocorridos no século XX (duas guerras mundiais, a bomba atómica e demais acontecimentos horrorosos). O impacto dessa mensagem sobre uma multidão de pessoas em tantos países, ao longo de mais de um século, é prova da sua importância para o tempo em que vivemos.
A mensagem de Fátima é essencialmente um lembrete para levar a história humana a sério. Maria, Mãe de Deus, não hesitou em confiar-nos um mandato: o da oração, da conversão e da penitência, como fizera com os pequenos videntes em 1917.
Recordando-nos estes três aspetos da vida cristã, a Senhora de Fátima exortou-nos a viver a nossa fé com maior autenticidade e a tornar-nos na vida quotidiana, sinal da presença do Senhor, d’Aquele que visita continuamente a nossa história. Uma fé mais responsável, adulta e madura, capaz de viver a sua própria existência com um coração profundamente renovado.
Neste dia, pensar Fátima é, para mim, pensar na Festa titular dos Missionários Monfortinos, a Solenidade da Anunciação do Senhor a Maria, celebrada a cada 25 de Março, pois o fundador, São Luís Maria Grignion de Montfort, disse com a intuição do seu coração que «Deus veio ao mundo através de Maria e há-de reinar no mundo através dela».
Podemos dizer então que as aparições de Fátima são uma nova Anunciação para cada crente? Talvez sim! De facto, por meio de Maria, Deus dirigiu a cada um de nós um chamamento particular. E em que sentido?
Alessandro Deho, na sua obra “Maria. Un Cammino” escreveu:
«Anunciação de Deus, cada vez que nos tornamos casa para o homem, cada vez que nos tornamos ventre acolhedor capaz de trazer de volta a humanidade ao mundo. (…). Tornar-se a Anunciação de uma nova história. Tornar-se a Anunciação de um rosto, de uma vida, de uma esperança. Tornar-se um lar. Pela humanidade que caminha e se perde. Tornar-se lar acolhedor, espaço sem julgamentos, abraço que perdoa.»
É desta forma que entendo o Papa Leão XIV na sua primeira visita. Escolheu um local simbólico, fora de Roma, o Santuário da Mãe do Bom Conselho, em Genazzano. E recordando a visita realizada após a sua eleição como prior geral da Ordem de Santo Agostinho, e a escolha de «oferecer a vida à Igreja», reiterou a sua confiança na Mãe do Bom Conselho, companheira de «luz e sabedoria» com as palavras dirigidas por Maria aos servos no dia das Bodas de Canaã, relatadas no Evangelho de João: «Fazei tudo o que Ele vos disser».
Sejamos Anunciação, fazendo tudo o que Ele nos diz! Tal como Maria.