O Papa Francisco e o Cardeal Tolentino

Crónicas 27 setembro 2022  •  Tempo de Leitura: 3

Tolentino de Mendonça foi nomeado para Prefeito do Dicastério (ministério, por assim dizer, do governo do Vaticano) para a Cultura e a Educação, pelo Papa Francisco. 

 

Logo se ouviram as maiores alegrias e festejos deste país à beira mar plantado! Desculpem-me a falta de modéstia. Já o sabia desde junho passado. Não! Não tenho assim tanta influência ou conhecimentos na Cidade do Vaticano. Apenas conversas sobre o funcionamento da instituição igreja. Se estivermos um pouco atentos, facilmente nos apercebemos do caminho que juntos percorremos. Esta mudança do organigrama da Igreja como instituição estava no prelo e, em algumas situações, era de fácil perceção.

 

É sobre este "caminho que juntos percorremos" que quero partilhar convosco o que penso. Tenho ouvido e lido nos últimos dias coisa absurdas como esta: «Se Francisco pudesse escolher, Tolentino seria o próximo Papa». Afirmar isto é não compreender nada deste Papa, nem do funcionamento da igreja! Estamos a meio de um sínodo sobre a sinodalidade da Igreja. Isto é. Francisco quer que todos os cristãos sejam ouvidos, principalmente pela hierarquia, sobre o que está bem na igreja; o que precisamos de mudar e como ou por onde continuar este caminho, esta peregrinação. Se ele nos quer ouvir, como é que ousaria escolher um sucessor?

 

Permitam-me a partilha de parte do editorial que o monsenhor Erio Castellucci, arcebispo de Modena, escreveu para os jornais da Federação Italiana de Semanários Católicos a propósito desta iniciativa de Francisco:

 

«O Caminho Sinodal está a promover muitos eventos, espalhados por todas as dioceses: sobretudo grupos de escuta e reflexão, celebrações, atividades, iniciativas culturais, diálogos, performances… e em breve serão produzidos textos de síntese e documentos de trabalho.

 

Mas, sobretudo, está a formar-se um estilo: o sinodal. Não é uma invenção do Papa Francisco, mas sim uma invenção de Jesus, que decidiu trabalhar para o reino de Deus, caminhando em conjunto com uma dúzia de colaboradores. "Caminhando", não chamando as pessoas para uma escola, uma sinagoga ou um templo; "Juntos", não movendo-se como um profeta solitário».

 

No início, a Igreja acolheu e praticou este estilo de itinerância comunitária e os sínodos. Porém, ao longo dos séculos, a prática participativa de todo o povo de Deus desvaneceu-se. Foi relançada pelo Concílio Vaticano e o Papa está a pôr em prática.

 

Claro que o Papa faz as suas escolhas e nomeia quem bem entender, mas afirmar que ele quer que no futuro se cumpra a sua vontade é não perceber nada do seu ministério que se funda em Jesus Cristo e na Sua forma de anunciar a Boa Nova.

 

Faço votos para que o ministério do Cardeal Tolentino, para o qual o Santo padre o nomeou, tenha o maior sucesso: a salvação das almas.

 

Parabéns padre Tolentino! Assim o conheci e assim o tenho como próximo.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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