É preciso escutar os nossos jovens

Crónicas 13 setembro 2022  •  Tempo de Leitura: 2

Depois de seis dias em reuniões de pais em que estes demonstraram, quer a preocupação de uma maior autonomia que a escola exige às crianças que transitaram para o 2ª Ciclo, quer a ansiedade que sentem nos filhos no Ensino Secundário que é forçosamente pré-universitário, eis que chega o tempo de estar perante eles, os alunos.

 

Hoje tem início o meu ano letivo.

 

A escola passa por uma fase turbulenta. Se a pandemia começa a dar algum descanso, a falta de profissionais assusta. E como estão os nossos alunos?

 

Os jovens precisam ser ouvidos, porque continuam a ser, em conjunto com os idosos, o rosto frágil desta sociedade que se concentra de uma forma ansiosa na urgência do tempo presente. O que continua a faltar na agenda política, e que deveria ser o pano de fundo para qualquer tipo de mudança, é um projeto educacional global a ser realizado com as famílias, as escolas, o território e o mundo do trabalho.

 

Mas eles gritam! Se estivermos atentos, percebemos que a escola não os deixa brincar, conviver, estar com eles próprios e com os outros. Queixam-se que só têm trabalhos e médias para alcançar.

 

Muitas vezes, derrotados, refugiam-se em fugas virtuais, que na verdade não os ajuda a contornar o pântano perigoso que os mantêm reféns. E rouba-lhes a confiança em si mesmos e nos outros.

 

Desse ponto de vista, a pandemia trouxe à tona a fragilidade de um sistema muitas vezes atrofiado e fechado sobre si mesmo, pouco aberto ao mundo. Deixou feridas abertas e aumentou a sensação de desespero, especialmente entre os alunos mais frágeis e desfavorecidos. 

 

A escola ainda está muito focada no desempenho, pouco atenta aos diferentes estilos de aprendizagem, às relações sociais e afetivas. Uma escola pouco inclusiva. Uma escola que ainda é muito pobre em recursos, muito voltada para a realização de projetos que nada resolvem os problemas dos alunos. Uma escola pouco humana…

 

Esquecemos que os alunos acima de tudo são pessoas que vivem e viverão com outras pessoas.

 

Quanto a mim, vou procurar não fazer mal o meu trabalho ouvindo-os. E se puder fazer bem. Se puder ajudá-los a ser; a serem pessoas; a serem felizes, vai ser muito bom!

 

Bom ano letivo para todos: alunos, famílias, professores e auxiliares da ação educativa.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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