«Quem receber uma destas crianças…»

Crónicas 20 setembro 2021  •  Tempo de Leitura: 2

Quando Jesus fala em receber uma “criança”, está a falar de todos aqueles que são frágeis, debilitados, indefesos, pobres... Com isto, Jesus diz-nos que, quando recebemos um destes, somos verdadeiros discípulos. Pois, o próprio Jesus, se fez pequeno e humilde para se tornar “grande” diante dos homens. Grande no amor, no serviço e na misericórdia. Só nos pondo ao serviço dos outros, é que nos tornamos exemplo e verdadeiros cristãos.

 

Durante a minha missão, por África, tive o privilégio de privar com pessoas pobres de bens materiais, mas, ricos de amor e alegria para partilhar. E foi com as crianças que mais aprendi! O seu olhar dócil e as suas palavras (carregadas) de verdade, fizeram me sentir “grande”!

 

Frases simples, mas verdadeiras como “gosto muito de ti”, “és muito bonita”, “adoro o cheiro do teu cabelo”, faziam-me sentir especial. A forma carinhosa como me beijavam na testa, ou o abraço caloroso com que se despediam de mim, no final da missa em cada domingo, demonstravam que eu os tinha recebido no meu coração, mas principalmente, eles me tinham recebido no deles.

 

Em Moçambique as crianças não se preocupavam muito com a forma como estavam vestidas, se estavam limpas ou não. O importante era estarem, viverem e aprenderem. Muitas vezes, dei por mim a sentir me mal por ter a camisola lavadinha. Sentia-me diferente e, mesmo sem querer, parecia superior a eles.

 

Com elas, aprendi que o importante é estarmos dispostos a aceitar os outros sem descriminação. Porque mesmos frágeis e pobres, podemos e devemos receber todos da mesma forma. Quantas vezes, eles nos presenteavam com refeições que nunca teriam em casa? O importante era que nós, os convidados, nos sentíssemos bem acolhidos para um dia voltarmos.

 

Quando Jesus diz “quem quiser ser o primeiro será o último de todos”, quer claramente reforçar a ideia que um discípulo deve ser humilde! Porque quem se humilha será exaltado.

 

Ser discípulo de Jesus é não ter medo de ser “pequeno”, porque “grandes” conquistas irão conseguir!

tags: Ana marujo

Nasci em 1982, a 4ª filha de 6 irmãos. Natural de Sobrado, Valongo. Sou escriturária de profissão.

Somos uma família católica e, os meus pais, sempre nos guiaram no caminho de seguir Jesus, frequentando a catequese e a Eucaristia.

Desde cedo quis ser catequista e quando terminei o percurso catequético, fui catequista. Hoje ainda sou, para além de participar noutros grupos paroquiais.

Sempre tive vontade de partir em missão, muitas vezes o medo ou a insegurança, fizeram me recuar. Não sou pessoa de ter coragem, de dar o primeiro passo. Mas, sempre que via reportagens ou artigos sobre pessoas que partiam em missão, o meu coração “contorcia-se”. Eu sabia que tinha que ir. Em 2017 surgiu a oportunidade de embarcar numa missão para o Uganda e depois em 2018 para Moçambique.

Nestas experiências percebi e aprendi, que sou mais feliz quando faço os outros felizes. Que com pouco posso fazer muito. Não existem barreiras que nos dividam com ninguém.

Ali aprendi quem é o meu próximo! Se o podia ter descoberto aqui na minha paróquia? Claro que sim. Mas estas missões servem para sairmos de nós mesmos e sentirmos a necessidade de ir ao encontro do outro. Num contexto social diferente os nossos olhos “transformam-se” e aprendemos a ver doutra forma.

Posso dizer que fui muito feliz!

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail