A importância dos gestos simples…

Crónicas 20 abril 2021  •  Tempo de Leitura: 3

Vivemos tempos memoráveis que desafiam-nos a encontrar soluções novas. E nestes dias celebramos a Semana de Oração pelas Vocações.

 

Vocação é o chamamento que todos recebemos enquanto humanos criados por Deus. Não nos referimos apenas àqueles que são chamados ao sacerdócio ou à vida consagrada. Todo o batizado é chamado a uma vida em plenitude. E esta vida é aqui e agora! Não é a vida antes ou depois da pandemia.

 

Preocupa-me a vida matrimonial. Ouvi nestes dias, de um sacerdote, que esta forma de vida estava em descrédito. Partilhava-me com lucidez mas com tristeza, esta realidade  confrontada com jovens e adultos da sua paróquia rural. «Num mundo em que amanhã o hoje já não é válido, o matrimónio é o que mais padece».

 

Num diálogo demorado de um final de domingo, entre um pedaço de pão com queijo e um pequeno copo de vinho, desfiamos um novelo de horas preenchidas de incertezas e também sofrimentos das atuais gerações, bem como das vindouras. «Se o que sentimos é incerto, que futuro esperamos?»

 

Precisamos de rezar horas a fio pela vocação batismal. Realize-se esta numa vida celibatária, matrimonial ou consagrada… Precisamos de gente que deseje o infinito. E que esse infinito seja construído agora, amanhã e depois.

 

O Evangelho deste Domingo de Páscoa ensina-nos que a vida do ressuscitado, não é vivida e construída de grandes eventos. O ser humano sempre espera uma vida edificada por momentos mágicos, eventos históricos, acontecimentos bombásticos… O Ressuscitado quer apenas comer connosco. Partilhar o seu ser divino com o ser humano. Viver o e no nosso quotidiano.

 

O mundo precisa de seres humanos que acolham O divino na sua quotidianidade. Precisa de seres que mais do que o fenomenal, queira fazer memorável o gesto concreto de um abraço, de um sorriso nestes dias tão incertos… Aliás sempre assim foi, a nossa existência "neste vale de lágrimas".

 

Precisamos de gente que queira viver na certeza do quotidiano de amor salvífico, na incerteza de uma sociedade que se justifica na turbulência pandémica de uma atualidade que não gera laços, não gera redes afetivas e efetivas de um futuro que se constrói numa simples partilha "do nosso peixe assado".

 

Nestes tempos memoráveis, precisamos de gente que viva os gestos simples da construção de um mundo melhor, tocando as feridas de todos e cada um dos seres humanos que sofrem das incertezas de uma sociedade mais ligada à aparência do que à essência do bem.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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