Sentados à direita

Crónicas 23 novembro 2020  •  Tempo de Leitura: 2

Jesus, Rei do Universo, ao longo da nossa vida, vai-nos desafiando e, ao mesmo tempo, mostrando onde devemos estar. Tudo devemos fazer para que, no dia em que o Filho do Homem vier, estejamos sentados à direita do Rei.

 

Muitas vezes, no meu dia-a-dia, sou confrontada com situações que me deixam desconfortável e sem saber como reagir. Tento sempre ver as coisas pelos olhos dos outros, descobrindo assim qual o melhor caminho a seguir. Não estamos sozinhos na nossa caminhada e se nos remetemos ao egoísmo, não encontraremos soluções. Se repararmos, todo o grande líder precisa de um braço direito, aquele que aconselha, que redige os discursos, que lhe mostra as vitórias e os fracassos.

 

Temos também de ter um bom porto de abrigo, saber onde ir quando algo não corre tão bem ou até quando alcançamos um sucesso. E a melhor forma de “construir” esse porto de abrigo é amando, mostrando-nos disponíveis e entregando-nos totalmente aos outros.

 

Nas minhas aventuras da missão, percebi que amar é muito fácil, nós é que gostamos de complicar. O Amor é um sentimento simples, mas com uma força inabalável.

 

Hoje conto-vos a história de uma menina que conheci em Moçambique. Amina é do Malawi, a mãe é muçulmana e o pai é católico. E o “vovô” leva-a à igreja católica. A família em África, são todos aqueles que estendem a mão para ajudar. Nunca percebi ao certo, quem eram os pais, irmãos ou até os avós de Amina. Ela vivia com o “vovô” e ele, sendo católico, levava-a à igreja católica. Na sua inocência, não percebia ao certo o que lá ia fazer, mas sabia que naquele lugar sentia-se bem e amada. Não falhava uma missa das crianças, mesmo chegando atrasada, lá se sentava ao meu lado, com um sorriso do tamanho do mundo, depois de me dar um abraço apertado. Nesse momento eu pensava, sou feliz porque amo e sou amada.

 

Quem se sentará à direita do rei? Todos aqueles que amaram sem distinção. Todos os que deram de comer, deram de beber, acolheram, vestiram e visitaram. Todos aqueles que viram Jesus no outro. E isto é nada mais, nada menos que AMAR o irmão, AMAR o próximo. Ou seja, entregarmos a nossa vida ao outro.

tags: Ana marujo

Nasci em 1982, a 4ª filha de 6 irmãos. Natural de Sobrado, Valongo. Sou escriturária de profissão.

Somos uma família católica e, os meus pais, sempre nos guiaram no caminho de seguir Jesus, frequentando a catequese e a Eucaristia.

Desde cedo quis ser catequista e quando terminei o percurso catequético, fui catequista. Hoje ainda sou, para além de participar noutros grupos paroquiais.

Sempre tive vontade de partir em missão, muitas vezes o medo ou a insegurança, fizeram me recuar. Não sou pessoa de ter coragem, de dar o primeiro passo. Mas, sempre que via reportagens ou artigos sobre pessoas que partiam em missão, o meu coração “contorcia-se”. Eu sabia que tinha que ir. Em 2017 surgiu a oportunidade de embarcar numa missão para o Uganda e depois em 2018 para Moçambique.

Nestas experiências percebi e aprendi, que sou mais feliz quando faço os outros felizes. Que com pouco posso fazer muito. Não existem barreiras que nos dividam com ninguém.

Ali aprendi quem é o meu próximo! Se o podia ter descoberto aqui na minha paróquia? Claro que sim. Mas estas missões servem para sairmos de nós mesmos e sentirmos a necessidade de ir ao encontro do outro. Num contexto social diferente os nossos olhos “transformam-se” e aprendemos a ver doutra forma.

Posso dizer que fui muito feliz!

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