Poliedro

Crónicas 9 julho 2020  •  Tempo de Leitura: 2
Existem visões fixas sobre as coisas que se assemelham a uma esfera por ser considerado como um sólido perfeito. Mas isso é uma visão uniforme que não corresponde à realidade com toda a diversidade que observamos à nossa volta. Essa realidade expressa-se melhor com uma visão poliédrica com diferentes faces e formas. 

Será de esperar que, se cada face representa a unicidade de cada um de nós, e a unidade das múltiplas faces, o poliedro, qual o resultado final quando pensamos num número de faces que aumenta para o infinito? Uma esfera?

Bom, só seria assim se todos estivéssemos à mesma distância do centro, mas... o que é o centro? 

É Deus.

Nem todos estão à mesma distância do centro porque a maturidade da união de uma pessoa com Deus é diferente entre as pessoas. E na mesma pessoa, uma vezes estamos mais próximos do centro, outras vezes mais afastados. Por isso, é de esperar que este poliedro feito pela diversidade de todos, na particularidade da união de cada um com Deus, seja dinâmico.

Uma das formas de nos aproximarmos mais do centro, que é Deus, seria aproximarmo-nos mais uns dos outros. E se nos aproximamos, cada vez mais e melhor do centro, porque nos queremos aproximar de Deus, o que fica no final? 

Um ponto.

Um ponto não tem dimensão. Ou tem dimensão zero. É um nada, como em Jesus abandonado na cruz. Ou uma concentração infinita de unicidade que pode criar as condições para uma Nova Criação. O início de um novo tempo na história humana. Uma unidade tal que abre a possibilidade de Deus criar, por amor, novas coisas.

Neste sentido, aquilo que podemos esperar se um dia víssemos realizada aquele desejo de Jesus — ”Que todos sejam um” — seria uma grande explosão de amor que daria origem a uma nova criação na história da humanidade. Para já, basta a cada dia viver a face que somos no poliedro da unidade.

Aprende quando ensina na Universidade de Coimbra. Procurou aprender a saber aprender qualquer coisa quando fez o Doutoramento em Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico. É membro do Movimento dos Focolares. Pai de 3 filhos, e curioso pelo cruzamento entre fé, ciência, tecnologia e sociedade. O último livro publicado é Tempo 3.0 - Uma visão revolucionária da experiência mais transformativa do mundo e em filosofia, co-editou Ética Relacional: um caminho de sabedoria da Editora da Universidade Católica.
 
 
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