Deus está connosco.

Crónicas 7 abril 2020  •  Tempo de Leitura: 3

A palavra Esperança é neste último mês, bem como nos próximos, o desiderato mais pensado, desejado, rezado e expresso pela grande maioria da população quando ouve as palavras coronavírus ou covid-19. Como enfrentar um "inimigo" que não se vê e que é tão letal como este vírus?

 

Sem dúvida que esperamos na classe médica e farmacêutica para que estes encontrem uma cura e uma vacina. No entanto, se estamos atentos às noticias dos diversos pontos do mundo onde se combate este mal, vamos "descobrindo" que não basta a ciência. A Religião e a Fé, são "outras" realidades onde esperamos também uma cura para esta pandemia.

 

Em plena Semana Santa, o cristão é chamado a aprofundar a sua fé, de uma forma mais intensa, sentida e persistente. É chamado a viver a sua religião como uma realidade integrante e não separada da sua "vida terrestre". Estamos a terminar uma Quaresma que nos remeteu para o essencial desta vida: a casa, a família, a alimentação e os demais bens essenciais para a sobrevivência. Pudera que tenhamos sido capazes de acrescentar Deus…. 

 

Esta clausura forçada meteu a nu a nossa ilusória omnipotência humana. Grande é a consciência da natureza temporária da nossa existência.

 

Esta clausura pode e deve-nos fazer ver que o nosso estilo de vida, tantas vezes egoísta, fechado sobre nós mesmos ou desconfiados dos outros, só nos ajuda a permanecer neste tempo de dificuldade. O "por quê a mim?", ou o "por quê agora?" não nos ajuda a sair deste drama.

 

Muitos perguntam-se pelas razões que tudo isto acontece. É "castigo de Deus?", dizem os apocalíticos; É "apenas a natureza?", dizem os não crentes. Talvez os crentes devessem fazer outro tipos de perguntas mais pessoais nestes tempos difíceis e diferentes. "Para quem vivo? Em quem gasto a minha vida? Em quem invisto? O que é que me dá vida verdadeira? Em que é que a vida se alimenta? Quem me dá esperança?"…

 

Que nestes dias da Semana Maior, sejamos capazes de renovar a nossa relação com Deus através da oração pessoal e familiar. Participar, através dos meios de comunicação, nas cerimónias do Tríduo Pascal de corpo e alma. Assim, estaremos verdadeiramente em comunhão com os crentes e seremos plenamente Igreja.

 

Que nestes dias da Semana Maior, sejamos capazes de renovar a nossa relação com a família, sem pressas e sem gestos ou palavras costumeiras. Saber escutar e saber descobrir a riqueza da família através dos pequenos gestos de amor renovado.

 

Esta "paixão dolorosa" terminará e celebraremos a Páscoa. Como crentes, ainda que no sofrimento, ousamos pensar no que vem depois. Devemos esperar que tudo isto não seja em vão e que uma nova vida deve surgir.

 

Deus está connosco. Se temos dúvidas, olhemos para a Cruz.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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