Uau!

Crónicas 2 janeiro 2020  •  Tempo de Leitura: 2

Se alguém gritar - ”Fogo!” - todos ficamos em alerta. Se alguém gritar - ”Foge!” - imediatamente agimos. Não são precisas muitas palavras para transformar a realidade à nossa volta. Bastam as palavras certas e assertivas para o momento. Por isso se diz que as orações mais simples e curtas furam o Céu. Lembrei-me de três pequenas palavras que perfazem o título de um livro de Anne Lammot que são, em si mesmas, três orações.

 

Ajuda É a palavra de quem reconhece as suas limitações. Nada somos quando queremos ser sozinhos. Precisamos dos outros, da natureza, de Deus. Ninguém ficaria indiferente a quem pede ajuda, excepto quando a dormência da vida digital afecta a capacidade de escutar esta simples oração. 

 

Obrigado É a palavra de quem reconhece o bem que é estar vivo, apesar das dores e necessidades. O bem que é viver no essencial e descobrir na gratidão a força para superar as fraquezas. Nada temos que não nos tenha sido dado. Nada somos sem que o relacionamento com os outros nos tenha trazido à existência.

 

Uau É a palavra de quem reconhece o deslumbrar diante das coisas mais simples da vida. A grandiosidade do mundo está nos pequenos gestos que nos deslumbram e baralham as mentes fechadas sobre si mesmas. Somos mais do que pensamos ser porque não somos ainda tudo o que poderemos ser. Ousar deslumbrar quando nada parece ser uma novidade é a atitude daquele que está desperto e plenamente consciente do bem de viver intensamente cada momento.

 

Neste início de 2020 vale a pena explorar o valor das pequenas e potentes palavras. As palavras mudam a realidade física à nossa volta. Não acreditas? Testa-o. Da próxima vez que sentires ansiedade ou stress, experimenta dizer para ti mesmo, sussurrando, ou se estiveres sozinho podes dizer em voz alta - paz, pausa, serenidade, sorriso, abraço, suave, luz, silêncio, alegria, coração, apoio, amigo, consolar, vida, conforto, compreensão, ...

 

A imaginação é o limite que torna ilimitada a força das palavras. As palavras simples são o modo de equilibrar a vida activa com a contemplativa. Pois, quem contempla, desperta e vê para além do mero olhar. Deslumbra-se e resta-lhe apenas dizer - ”Uau!”

Aprende quando ensina na Universidade de Coimbra. Procurou aprender a saber aprender qualquer coisa quando fez o Doutoramento em Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico. É membro do Movimento dos Focolares. Pai de 3 filhos, e curioso pelo cruzamento entre fé, ciência, tecnologia e sociedade. O último livro publicado é Tempo 3.0 - Uma visão revolucionária da experiência mais transformativa do mundo e em filosofia, co-editou Ética Relacional: um caminho de sabedoria da Editora da Universidade Católica.
 
 
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