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a sua tag: "Marta Arrais"
Guardamos as nossas culpas como farpas sempre prontas a atirar a alguém. Muitas vezes, sabemos que a culpa é nossa mas, no fundo, é mais fácil devolvê-la. Não a querer. Por isso acabamos por decidir transferi-la para os que estão à nossa volta.
Nem sempre conseguimos olhar para cada coisa com a clareza necessária. Falta-nos, muitas vezes, a capacidade para ver bem, para afastar o que nos turva a água de dentro. Outras vezes, falta-nos a coragem para querer ver.
Somos feitos de paisagens. É debaixo da pele que guardamos os instantes que nos mudaram para sempre. Os que nos fizeram estremecer para, depois, nos tornarem mais fortes. Os que nos permitiram conhecer as pessoas da nossa vida. Os que nos fizeram recomeçar. Os que nos fizeram pôr um ponto final
É sempre mais fácil ficar sentado à sombra de não fazer nada. É bom deixar-se ficar abandonado à beirinha do calor confortável do comodismo. Da inércia. Da desmotivação. Do não vale a pena. Do “já fiz o que podia ser feito”.
Temos preferência por chegadas. Por olhos a brilhar que decidem encontrar os nossos e, mesmo sem toque, nos abraçam. Por braços que nos apertam quando, simplesmente, nos pressentem a presença.
A vida de cada dia desafia-nos permanentemente. Muitas vezes, desafia-nos de formas pouco razoáveis, que chegam a ultrapassar-nos. Os desafios de cada dia (mesmo os mais pequenos) acabam por condicionar a nossa forma de ver o que se passa à nossa volta e, mais ainda, de ver os que estão à nossa
Se o teu caminho não for claro, quem é que te ajuda a ver? Se fores para fora de pé, quem é que te salva? Se o chão se abrir, quem é que te ensina a voar?
Não nos chega tudo o que temos. Somos bons a pedir mais, a querer mais, a sonhar mais. Não nos chega o que já alcançámos, o que já é nosso e o que construímos. Não nos chegam os planos já cumpridos, os sonhos já realizados e as preces já ouvidas.
Há muitas perguntas que só (nos) fazemos quando as coisas (nos) correm mal. Não é necessário que se abata sobre a nossa cabeça uma tragédia de proporções astronómicas ou uma desgraça que nos sugue o chão. A nossa noção de “correr mal” é, muitas vezes, mais aligeirada e menos grave do que isso.
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