O Coerente

Crónicas 23 junho 2025  •  Tempo de Leitura: 3

No dia 24 de junho comemora-se o nascimento de João Batista. A liturgia celebra, portanto, o nascimento do Batista três meses após a Anunciação.

João Batista é o profeta que abre caminho à vida pública de Jesus.

Lucas, no início do seu Evangelho, narra as duas anunciações e os dois nascimentos. O nascimento a que nos referimos hoje, narrado no Evangelho começa com «chegou a hora de dar à luz, e ela deu à luz um filho». O pormenor não é trivial: Isabel, de facto, era estéril e avançada na idade. A idosa sem filhos, torna-se mãe.

Um filho é um sinal de graça. Assim é para o filho de Zacarias e Isabel, assim é para Jesus, o Filho por excelência...

Enquanto Lucas liga a história de Jesus à do mundo, Mateus utiliza a expressão naqueles dias que, no Antigo Testamento, indica uma intervenção decisiva de Deus, sobretudo no fim dos tempos. Portanto, Deus está em ação, Ele intervém. Ele intervém através da figura grandiosa e perturbadora de João. João está no deserto. Assim que um judeu ouve falar do deserto, vai com a sua memória para o deserto do Sinai, que os pais atravessaram enquanto fugiam da escravidão no Egito e caminhavam em direção à liberdade da Terra Prometida. No deserto, os judeus não tinham nada, nem casa, nem comida, nem água. No entanto, Deus providenciou tudo. A pobreza do deserto permitiu-lhes sentir a proximidade de Deus ainda mais intensamente. É por isso que João escolhe ir para o deserto: Deus está de novo perto. É preciso convertermo-nos! O termo significa: mudar a própria vida, inverter a própria maneira de ver e de pensar.

O anúncio de João Batista é, diríamos hoje, popular: todos podem ser salvos, basta mudar de vida. O discurso do Batista parece bem sucedido: todos a ele acorrem. E, no entanto, é um discurso violento, sobretudo contra os fariseus e os saduceus: os primeiros seguros da sua santidade, os segundos totalmente absorvidos pelas suas riquezas e poder... Mas se Deus está aqui, devemos sair de nós mesmos, confiar, abandonar-nos a Ele. É o tempo da fé. Ou acreditamos ou perdemo-nos. Devemos ouvi-lo!

Nestes dias de tantas Festas e Arraiais Populares, falta-nos uma voz como a de João Batista! Quando olho para a nossa Igreja com tantos fariseus e saduceus... Estamos mesmo a necessitar de sair de nós mesmos... Mudar a própria vida!... Tantas vezes somos nós, com os nossos moralismos e legalismos que impedimos os outros de se aproximarem de Deus.

Eu encontrei-a um pouco no saudoso Papa Francisco...

Bom São João!

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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