Vontades
Não se faça a minha vontade, mas a tua (cf. Lc 22, 42)
Ilumina, Senhor, as minhas trevas, marcas de uma cruz pesada que nem sempre consigo carregar, compreender ou aceitar. Trevas de um passado que me rouba a tua paz e me escraviza, impedindo-me, tantas vezes, de viver o presente como dádiva que ofereces a cada dia.
Liberta-me destas amarras e sê a bússola que guia os meus passos quando do teu caminho me desvio. Sei que apenas a tua graça me permite a constância e fidelidade que me pedes.
Cura, Senhor, os meus sentidos entorpecidos: a cegueira que me impede de ver-te naqueles que pões no meu caminho e a surdez que me faz desconhecer a tua vontade. A cegueira que me torna, por vezes, indiferente e a surdez que pouco a pouco endurece o meu coração.
Infunde em mim o teu Espírito de amor, capaz de dilatar o meu coração e todos os seus frutos para que com alegria saiba tomar a minha cruz e seguir-te para onde me quiseres levar. Que eu diminua para que tu aumentes, Senhor.
Como disseste no Horto das Oliveiras, não se faça a minha vontade, mas a tua (cf. Lc 22, 42). Tu que me amaste e te sacrificaste por mim. (cf. Gal 2, 20). A humanidade que na cruz entregaste, permite-nos hoje e em todos os tempos de tocar a divindade pelo Espírito que derramaste em nós. Tornaste-nos em ti, filhos muito amados do Pai e teus irmãos e deste-nos ainda uma mãe, a tua, para que por nós interceda e nos conduza ao bendito fruto do seu ventre.
Senhor, tu que me amas tal como sou, na minha imperfeição e fragilidade, dá-me a graça de ver-me através dos teus olhos e não através do meu olhar farisaico e impiedoso, que marginaliza e retira a dignidade de ser humana, pois resisto em aceitar-me como sou.
A ti me entrego para que a tua graça me ilumine, conduza e cure para que também possas dizer de mim “Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe” (Mc 3, 35).