Um cristão, vota! Ponto final.

Crónicas 27 fevereiro 2024  •  Tempo de Leitura: 4

Precisamos de compromisso, de responsabilidade e da participação de todos, nas próximas eleições! É isto que me apetece dizer nesta semana que teve inicio a campanha eleitoral. Um cristão, vota! Ponto final.

 

É importante participarmos no futuro do país. Infelizmente, constato com preocupação o crescente abstencionismo nos últimos atos eleitorais. Certamente que é sintoma de alguma desilusão que não pode ser descartada e que deve ser ouvida por todos os agentes políticos. No entanto, todos, todos, todos, devemos ser protagonistas do futuro.

 

Devemos exigir aos eleitos que cumpram o seu mandato com responsabilidade, ao serviço de todos, começando pelos mais fracos e mais necessitados. É visível o aumento constante e preocupante da pobreza; o inverno demográfico; a situação dos idosos; a falta de empregos atrativos, especialmente para os jovens; o acolhimento e integração dos migrantes, o excesso de burocracia; os problemas na saúde e na educação... Tudo isto exige a participação, o compromisso de todos

 

O compromisso político é uma das formas mais elevadas da caridade cristã, como nos escreveu o Papa Paulo VI na encíclica Octogesima Adveniens. Naquela que é talvez a passagem mais lembrada do documento, o Papa manifesta-se a favor da pluralidade de opções políticas para o  cristão, sem esquecer ou diminuir a sua adesão aos princípios do Evangelho: «Nas situações concretas, e tendo em consideração a solidariedade vivida por cada um, é preciso reconhecer uma variedade legítima de opções possíveis. Uma única fé cristã pode levar a diferentes compromissos».

 

A política é a arte de governar a cidade. Sem governo e sem política nenhuma coexistência humana é possível. É como comunidade organizada que se torna possível construir o bem comum.

 

Uma fé cristã bem vivida deve fomentar uma distância crítica da política. Isto é, deve incrementar um olhar crítico sobre os partidos, mesmo daqueles que fazemos parte como militantes. Só temos um Deus! Que se saiba, não fundou nenhum movimento político. A fé deve: afastar-nos de posições políticas negativas, maldizentes; não ceder a promessas tão surpreendentes quanto impossíveis de cumprir; não ceder à cultura do medo; acentuar a atenção aos pobres, aos doentes, aos marginalizados; acentuar a defesa da vida...

 

O Papa Francisco, quando regressava da viagem ao Azerbaijão em outubro de 2018,  recomendou que os cristãos e a Igreja, no seu todo, deve «estudar atentamente as propostas, rezar e escolher em consciência». Além disso acrescentou que «quando num país qualquer há dois, três, quatro candidatos que não satisfazem a todos, significa que a vida política desse país talvez seja demasiado politizada, mas não tem cultura política suficiente. Uma das tarefas da Igreja é ensinar as pessoas a terem cultura política.»

 

Votar é um direito e um dever que deve ser exercido com consciência. Somos chamados a discernir entre as diferentes propostas políticas à luz do bem comum, livres de qualquer ganho pessoal e atentos apenas à construção de uma sociedade mais justa, que parte dos últimos, dos mais frágeis.

 

Temos estas duas semanas para estudar e rezar. E no dia 10 de março exercer este direito em consciência.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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