Diário da JMJ 3 – A alegria dos encontros mesmo nos apertos no metro

Jornada Mundial da Juventude 2 agosto 2023  •  Tempo de Leitura: 4

Demorámos uma hora entre a entrada na estação do Saldanha e a entrada na carruagem que nos havia de levar ao Parque das Nações para apanharmos o autocarro de regresso a casa depois do primeiro dia oficial de Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Nada que não tivesse acontecido noutras JMJ, mas para a Tânia, que nunca tinha sequer andado de metro, foi uma experiência marcante.

 

Ainda assim, foi entre os apertos e o cheiro a gente que os miúdos começaram a soltar-se e a conviver com os peregrinos de outras línguas e outras bandeiras. “Where are you from?”, já perguntava o Tomás enquanto percorríamos as Avenidas Novas cheias de grupos depois da missa de abertura da JMJ de Lisboa: vários a comer, junto a restaurantes aderentes ao plano de refeições, muitos mais a dirigirem-se para os transportes que os levariam aos locais de alojamento.

 

Os autocarros da Câmara de Alenquer deixaram-nos no Parque das Nações e, a meio da tarde, a viagem de metro até ao Parque Eduardo VII foi calma, sem aperto e até com lugares vagos nas carruagens. Saímos na estação de S. Sebastião e à medida que nos íamos aproximando do Parque, que se chama Colina do Encontro durante esta semana, começamos a experimentar a diversidade dos peregrinos. Sentamo-nos numa sombra com vista para o altar, entre italianos de Nápoles e espanhóis de Valência.

 

Os miúdos da minha paróquia, ainda adolescentes, permaneceram na sua bolha, ligeiramente incomodados por tanta gente a passar e a diminuir o seu espaço, sem meter conversa com os vizinhos, enquanto eu fui gozando a alegria de encontros e reencontros, com colegas de profissão, com companheiros de outras Jornadas, com padres conhecidos … Meti conversa com as valencianas que aplaudiram a chegada de Marcelo que reconheceram porque vai muito a Espanha e é “muy morenito”, conversei com um francês que se espantou por saber a língua e elogiei as t-shirts da Diocese de Lyon, a fazerem lembrar azulejos portugueses.

 

A Igreja é feita destes dias marcados pela alegria do encontro”, diz a oração da noite proposta para este dia na aplicação da JMJ. A aplicação demorou a abrir durante a missa e não tinha as leituras certas da missa presidida pelo cardeal Manuel Clemente. Esta JMJ não tem guias do peregrino em papel, tudo tem de ser visto na APP, que também permite avaliar a pegada ecológica de cada peregrino.

 

Se a Colina do Encontro foi enchendo pausadamente ao longo da tarde, quando terminou a missa alguns grupos ainda permaneceram por ali, mas aconteceu a debandada previsível, enchendo ruas e estações de metro. E foi, aí, numa carruagem de metro onde parecia não caber mais ninguém que o resto do grupo acabou por fazer aquilo que faz parte da JMJ: encontro com o outro, mesmo com o outro que não conhecemos e cuja língua não falamos. Os franceses, cheios de energia, ainda começaram a gritar “Messi! Messi” e os portugueses responderam com “Ronaldo! Ronaldo” e o Simão até gritou pelo Éder, enquanto a Tânia ia tentando conversar com uma francesa usando o tradutor do Google.. Às tantas todos gritavam Ronaldo e “Obrigado” Obrigado!”.

 

Voltámos para casa cansados e mal-cheirosos. Alguns com dúvidas sobre voltar esta quarta-feira. No regresso, o padre João orientou a oração da noite e prometeu que nesta JMJ, como em cada Jornada, o dia seguinte tem sempre “mais e melhor”.

 

[@Eunice Lourenço]

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