Conto: Simplesmente mãe...

Conto 15 maio 2021  •  Tempo de Leitura: 6

Era uma vez um rapaz muito rebelde que estava constantemente a armar confusão e a fazer tropelias e, enquanto o pai não parava de o repreender e castigar, a mãe não se cansava de o acarinhar e de lhe falar ao coração para que fosse um menino melhor. Apesar dos esforços dos pais, o moço não se emendava nem por nada e permanentemente dizia aos pais que o deixassem sossegado no seu canto.

 

Um dia, os pais decidiram levá-lo a passar uma semana com os avós à aldeia para verem se alguma coisa podia mudar. O rapaz estava a adorar aqueles dias nas montanhas e à noite gostava muito de falar com os seus avós diante da lareira ou no pátio a olhar as estrelas. Numa dessas noites, o avô referiu que, ao contemplar as estrelas, se lembrava muitas vezes dos seus pais que já haviam partido e, recordando-se especialmente da ternura, paciência e palavras cheias de amor da mãe, disse:

 

- A palavra “Mãe” é das mais pequenas que existem no dicionário, mas tem um significado infinito. Ser mãe não é apenas carregar uma vida no ventre durante nove meses, mas continuar a transportá-la no seu coração para sempre. A mãe dá à luz os seus filhos, mas continua a iluminar as suas existências por toda a eternidade. O amor de mãe é um laço que não se rompe ao cortar o cordão umbilical e não se limita a colocar um filho no mundo, mas ensina-o sobretudo a enfrentá-lo e não ter medo dele.

 

O rapazola ficou a olhar para o avô fixamente e, de seguida, a avó acrescentou:

 

- Também me lembro sempre da minha mãe… Uma mãe deixa-se tocar pela mão de Deus e acolhe o dom da criação, da doação e do amor incondicional. Como Deus tem muito trabalho, fez as mães para O ajudar. As mães são uma ponte entre o céu e a terra e ser mãe é a mais bela e sublime tarefa que Deus confiou ao ser humano e até Ele quis ter uma. Deus é Pai, mas também é Mãe… Jesus na cruz não quis deixar-nos sozinhos e deu-nos a sua própria mãe para que fosse nossa também.

 

O rapaz nunca mais esqueceu a delicadeza com que os avós falavam das suas mães e a verdade é que passou a portar-se muito melhor em casa e a valorizar e a estimar muito mais o pai e a mãe. Uns anos mais tarde, o rapaz casou-se e teve uma linda filha e quando ela, já mais crescida, lhe pedia que lhe contasse histórias, ele optava muitas vezes por falar-lhe da sua própria mãe. Um dia, disse-lhe assim:

 

- O amor da mãe é a mais elevada forma de bondade. É o único amor sincero, puro e verdadeiro e que dura a vida toda. Neste mundo onde tudo parece incerto e perigoso, só o amor da mãe é absoluto e incondicional. O amor da mãe vence os preconceitos, supera os limites e enfrenta todos os desafios do mundo. Nada nem ninguém tem tanto poder e influência como as mães. O amor da mãe é a energia que prepara um ser humano normal para fazer coisas extraordinárias. É o amor da mãe que nos molda e quando não o consegue fazer, aceita-nos como somos.

 

A mãe da garota estava orgulhosa com a sensibilidade e doçura com que o marido falava da mãe e referindo-se também à sua, disse:

 

- Filha, as mães sacrificam os seus sonhos para que os filhos possam realizar os seus. As mães são a prova de que nem todas as heroínas usam capas, nem todas as rainhas possuem coroas, nem todas as enfermeiras têm diplomas e nem todos os anjos possuem asas. O amor de uma mãe para com seus filhos não tem limites.

 

Uns anos mais tarde, era ele já de idade avançada e, com o neto de cinco anos ao colo, olhou as estrelas e, apontando para o céu, disse-lhe:

 

- Vês aquela estrela muito brilhante? Quando a vejo lembro-me da tua avó. Quem tem mãe pode dizer que tem tudo e é feliz. Quem tem mãe possui um tesouro de valor incalculável e quando ela parte é um grande pedaço de nós mesmos que vai embora também. Mas, uma mãe nunca morre no coração dos seus filhos. A vida não vem com um manual de instruções, mas vem com uma mãe. A verdade é que as mães nos ensinam tudo e só não conseguem ensinar-nos a viver sem elas.

 

Então, o menino deu um beijo terno no avô e foi abraçar demoradamente a mãe e o pai.

Paulo Costa

Conto

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