Conto: Jesus e o Espírito Santo

Conto 15 junho 2020  •  Tempo de Leitura: 16

O anjo Gabriel fora enviado por Deus à cidade de Nazaré para falar com uma jovem chamada Maria que estava noiva de um homem de nome José. Ele disse-lhe: ‘Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.»  Como Maria ficou apreensiva com aquela visita misteriosa e com aquelas palavras tão especiais, o anjo disse: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo’.

 

Maria ficou ainda mais perplexa e o anjo explicou: ‘O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é santo e será chamado Filho de Deus. Então, após meditar um pouco, Maria decidiu aceitar e disse «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra’.

 

Passado algum tempo, Maria foi visitar a sua prima Isabel que, apesar da sua idade avançada, estava grávida de Zacarias. Quando entrou na casa deles, Isabel sentiu algo de extraordinário: o seu bebé saltou de alegria e ela ficou cheia do Espírito Santo e disse: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.  Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor’. Maria ficou com Isabel cerca de três meses e depois regressou a casa.

 

Como era bem visível a todos que Maria estava grávida, José andava nervoso sem saber o que fazer, pois sabia que não era o pai daquela criança. No entanto, como era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la sem que ninguém soubesse. E foi então que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: ‘José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados’. Então, José fez o que lhe dissera o mensageiro de Deus, recebeu Maria como sua esposa e ela deu à luz em Belém da Judeia para onde tinham ido para proceder ao recenseamento da população pedido por Roma.

 

Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor e, quando lá chegaram, foi ter com eles um velho homem chamado Simeão, que era justo e piedoso. O Espírito Santo estava consigo e tinha-lhe revelado que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor. 

 

Simeão tomou a Jesus nos braços e bendisse a Deus, dizendo: ‘Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, porque meus olhos viram a Salvação que ofereceste a todos os povos, Luz para se revelar às nações e glória de Israel, teu povo’. Simeão abençoou-os e disse a Maria: ‘Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição. Uma espada trespassará a tua alma’.

 

José e Maria não perceberam o alcance daquelas palavras, mas agradeceram a bondade do velho homem e regressaram a Nazaré. Eram uma família feliz e o menino era submisso aos seus pais, crescia, robustecia-se e enchia-se de sabedoria e a graça de Deus estava com ele. A sua mãe guardava todas as coisas que ele fazia e dizia no seu coração, enquanto crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.

 

Uns anos mais tarde, João, o primo de Jesus, começou a ser famoso na região pela forma como vivia e por causa dos seus discursos e exortações à conversão a Deus. Como o povo esperava a vinda do Messias, muitos pensavam intimamente que poderia seria ele. Então, João sentiu necessidade de esclarecer as coisas e disse a todos: ‘Eu batizo-vos em água, mas vai chegar alguém mais forte do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das sandálias. Ele há de batizar-vos no Espírito Santo e no fogo’.

 

Uns dias mais tarde, Jesus foi ter com João às margens do rio Jordão e pediu-lhe que o batizasse, tal como o fazia a tanta gente. João opôs-se, dizendo: ‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti, e Tu vens a mim?’  Mas, como Jesus lhe respondeu que queria que assim fosse, ele acedeu. Quando Jesus tinha acabado de ser batizado e saía das águas do rio, os céus rasgaram-se, o Espírito de Deus desceu como uma pomba sobre si e uma voz vinda do Céu disse: ‘Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado’. A partir daquele dia, impelido pelo Espírito, Jesus começou a anunciar por toda a parte a Boa Nova do Reino dos Céus e a sua fama propagava-se.

 

Um dia foi a Nazaré e, como costumava fazer, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler. Deram-lhe o livro do profeta Isaías e, depois de o desenrolar, leu:  ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiupara anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor’.

 

Depois, enrolou o livro, entregou-o ao responsável e sentou-se, mas como toda a gente o olhava fixamente, disse: ‘Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir’. A verdade é que todos o elogiavam, admirados que estavam com as palavras repletas de graça que saíam da sua boca.

 

Uns tempos depois, um homem chamado Nicodemos, foi ter com Jesus e disse-lhe: ‘Rabi, nós sabemos que Tu vieste da parte de Deus, como Mestre, porque ninguém pode realizar os sinais portentosos que Tu fazes, se Deus não estiver com ele’. Então, Jesus respondeu-lhe: ‘Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do Alto não pode ver o Reino de Deus’.

 

Como Nicodemos sorriu e disse que era impossível um homem velho voltar ao seio materno e nascer de novo, Jesus respondeu-lhe: ‘Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. Aquilo que nasce da carne é carne, e aquilo que nasce do Espírito é espírito. Não te admires por Eu te ter dito: Vós tendes de nascer do Alto. O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito’.

 

Nos meses seguintes, em várias ocasiões e nos locais mais diversos, Jesus falava às multidões e prometia-lhes a vinda do seu Espírito. Um dia disse: ‘Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos,  e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; vós é que o conheceis, porque permanece junto de vós, e está em vós’.

 

Noutra ocasião declarou: ‘Fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há de recordar-vos tudo o que Eu vos disse’. E outra vez ainda, disse: ‘Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu vos hei de enviar da parte do Pai, Ele dará testemunho a meu favor. E vós também haveis de dar testemunho, porque estais comigo desde o princípio’.

 

Uns tempos depois, voltou a referir-se à sua morte próxima e disse aos seus discípulos: ‘Agora vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: 'Para onde vais?' Mas, por vos ter anunciado estas coisas, o vosso coração ficou cheio de tristeza.  Contudo, digo-vos a verdade: é melhor para vós que eu vá, pois, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se eu for, Eu vo-lo enviarei. E, quando Ele vier, dará ao mundo provas irrefutáveis de uma culpa, pois não creram em mim; de uma inocência, pois Eu vou para o Pai, e já não me vereis; de um julgamento, pois o dominador deste mundo ficou condenado’.

 

Numa outra altura disse: ‘Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora.  Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há de vir.  Ele há de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.

 

Como Jesus tinha referido diversas vezes, ele foi condenado à morte e crucificado numa cruz, mas ressuscitou, como prometera, ao terceiro dia. Uns dias depois, Jesus apareceu aos seus discípulos e mostrou-lhes as mãos e o peito e todos se encheram de alegria por verem o Senhor vivo. Então, disse-lhes: ‘A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós’. Depois, soprou sobre eles e disse-lhes: ‘Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados e àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos’.

 

Uns tempos mais tarde, os discípulos partiram para um monte da Galileia que Jesus lhes tinha indicado e apareceu-lhes novamente. Quando o viram, ficaram muito felizes e adoraram-no, apesar de alguns terem duvidado se era mesmo ele. Então, Jesus disse-lhes: ‘Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra.  Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos’.

 

Uns dias depois, Jesus insistiu que os seus discípulos que não se afastassem de Jerusalém e que esperassem lá o Prometido do Pai, do qual lhes falara, pois João batizara em água, mas dentro de algum tempo eles seriam batizados no Espírito Santo.

 

Passados uns dias, Jesus apareceu novamente aos seus discípulos e disse-lhes: ‘Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo. Depois daquelas palavras, elevou-se aos céus à vista deles e desapareceu de forma esplendorosa por entre as nuvens. Os discípulos não sabiam de haviam de chorar ou sorrir e agarraram-se uns aos outros a contemplar tão grande e inefável acontecimento.

 

Uma semana depois, no dia do Pentecostes, os discípulos de Jesus e a sua mãe estavam reunidos em oração, tal como o faziam muitas vezes.  Inesperadamente, do céu ressoou um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde eles estavam e viram aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo por todos. Cada língua de fogo poisava sobre cada um deles e todos ficaram cheios do Espírito Santo, começando a falar outras línguas, conforme Ele lhes inspirava que se exprimissem.

 

Ao ouvir aquele enorme ruído, a multidão aproximou-se e toda a gente ficou estupefacta, pois cada um ouvia-os falar na sua própria língua, anunciando as maravilhas de Deus. Todos estavam assombrados e sem saber o que pensar ou dizer.

 

A verdade é que a partir daquele dia a força do Espírito Santo estava com a Igreja e fez com que os discípulos perdessem todo e qualquer medo que antes haviam sentido. Emocionados com tão grande mistério divino, os discípulos foram corajosamente convidar toda a gente à conversão e ao batismo em nome de Jesus Cristo para a remissão dos pecados e para que todos recebessem o dom do Espírito Santo.

 

O número dos cristãos foi crescendo e todos eram assíduos ao ensino dos apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações. Viviam unidos como se tivessem uma só alma, possuíam tudo em comum, não deixavam que ninguém passasse necessidades e viviam como irmãos.

 

Toda a gente ficava admirada com a felicidade com que viviam e com a forma cordial com que se relacionam com todos ao jeito de Jesus e a verdade é que o mundo começara a renovar-se e a transformar-se pois era bem visíveis os frutos do Espírito Santo: o amor, a alegria, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o autodomínio. E todos davam glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Paulo Costa

Conto

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail