Desinfetar a Igreja dos abusos

Razões para Acreditar 13 outubro 2021  •  Tempo de Leitura: 2

A Igreja francesa foi corajosa ao criar uma Comissão Independente para determinar o número de crianças abusadas por padres e religiosos desde 1950. Estima-se que foram mais de 300 mil as vítimas. Confrontados com esse número, os bispos franceses reagiram com vergonha e indignação. O seu primeiro pensamento foi para as vítimas e consideraram que não há justificação nenhuma para que as vítimas "não tenham sido ouvidas, acreditadas e apoiadas, nem que a maioria dos culpados não tenha sido denunciada e julgada".

 

São iniciativas como esta que demonstram que o comportamento no interior da Igreja está a mudar na forma de lidar com estes casos. Em vez de varrer para debaixo do tapete, agora enfrenta-se o problema com coragem. Estabelecem-se estratégias para que estas situações não se repitam. E, se acontecerem, há a exigência de as tratar com diligência e determinação.

 

Este como outros escândalos afetam profundamente a credibilidade da Igreja e a sua honorabilidade. O esforço de tantos milhões de homens e mulheres que se gastam ao serviço do outro, em particular dos mais pobres e dos mais pequenos, é colocado sob suspeita.

 

Sempre haverá falhas e é impossível expurgar a Igreja de todo o mal. Por mais doloroso que seja, não se pode é ignorar, adiar ou olhar para o lado. Será decisivo para a credibilização da Igreja intervir aos primeiros sinais de alarme, perante as primeiras suspeitas. E, com bom senso, é fundamental envolver nisto a comunidade: os bispos têm de compreender que, até para sua salvaguarda, não podem continuar a lidar com este problema só no recato dos seus paços.

 

Fundamental é interiorizar que não se pode empurrar os problemas com a barriga e esperar que eles se resolvam por si, por obra e graça do Espírito Santo. Só assim se evitarão longos anos de sofrimento e desespero a vítimas nas mãos de algozes que a Igreja não está livre de ter no seu seio.

Artigos de Opinião Jornal de Notícias. 

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